ABIRATERONA NAS FARMÁCIAS!

Há poucos anos, dois ou três, a mídia fez um festival em cima da abiraterona (acetato de abiraterona). Falou-se, até, em cura. Mídia, media hype, é o que foi.

Agora o medicamento foi aprovado pela FDA com base em resultados muito, mas muito mais modestos. Quem já esgotou todos os recursos e nem a químio funciona mais, não tem muito tempo de vida (ainda que, dada a idade avançada, uma percentagem significativa morra de outras causas mesmo nessa população). O nome que já está nas farmácias americanas é Zytiga.

Nessa população sem outras opções (ou apenas uma ou duas de pouca duração), os que tomaram o esteróide prednisona viveram mais 10,9 meses, na mediana. Mediana = metade viveu mais; metade viveu menos. Já os que tomaram prednisona mais Zytiga viveram 14,8 meses, um ganho maior – de quase quatro meses. Como se trata de mediana há os que não responderam ao medicamento e morreram em poucos meses e há os que continuavam vivos três e mais anos depois.

Claro está que se aplicados a uma população não tão doente, os resultados devem ser melhores e é isso o que estão verificando.

A pesquisa foi feita com quase mil e duzentos pacientes, em 13 países.

Mas não é só a sobrevivência que aumenta: a fadiga é menor, as dores nas costas e a compressão da espinha também. A qualidade da vida melhora, por esse tempo limitado, pouco mais de um ano.

São quatro pílulas por dia, ao custo mensal de cinco mil dólares. Há efeitos colaterais (numa população que já passou por muitos e piores efeitos colaterais): baixam as células brancas, há retenção de fluidos, aumenta a pressão arterial e os problemas cardíacos são agravados.

É muito menos do que foi anunciado de maneira irresponsável pela imprensa, mas é um avanço para quem já não tem opções.

GLÁUCIO SOARES