Os Paradoxos da Felicidade


Existe uma área nova de pesquisas – sobre a felicidade. Considerada uma das condições mais importantes da humanidade, a felicidade quase não era seriamente estudada – até pouco tempo. Isso mudou: Ruut Veenhoven nos apresenta uma enorme bibliografia e um bem cuidado data base.

Os americanos, e não somente eles, distinguem entre dois tipos de felicidade:

  1. Felicidade através de pessoas
  2. Felicidade  através de coisas

Creio que poderíamos acrescentar uma terceira via, a felicidade através do espírito.

Como trabalhar cientificamente com um conceito tão difícil quanto a felicidade? Não há medida exata, critérios unânimes. Mas a existência de pessoas “que têm tudo para serem felizes e não o são” mostra a importância de tratar o conceito subjetivamente. Feliz é quem se considera feliz!

A auto-definição da felicidade, que pode incluir graus (muito, bastante, pouco etc.), havendo os que tentaram medí-la de maneira mais exata, com escalas de intervalo, passou a ser o conceito operacionalizável dominante. Com base nesse conceito e em medidas baseadas nele, muitas pesquisas foram realizadas nas últimas décadas.

Economistas clássicos, neo-liberais e marxistas pensam a felicidade com alguma semelhança, a partir da riqueza e dos bens à disposição de cada um. A primazia, que não se discute, é dos fatores econômicos. As brigas são internas, um grupo contra o outro.

E os dados? O que dizem os dados? Comparando países o resultado é claro para os que usam o World Value Survey: os habitantes dos países mais ricos, na média, são mais felizes e, dentro dos países, os com mais recursos também tendem a ser mais felizes. Quando comparamos um conjunto maior de países, chegamos aos mesmos resultados: há uma correlação entre a renda per capita dos países e a satisfação com a vida, por um lado, e a auto-avaliação da felicidade, pelo outro – quanto maior a renda per capita (PPP), maior a satisfação e a felicidade –  mas as correlações não são muito altas, permitindo muitos desvios.

Há problemas para generalizar:  se, tomando o mundo como um todo, a associação é válida, há regiões nas quais a associação é nula ou quase nula. A América Latina é uma delas. Entre países latino-americanos, a Argentina, com 12,704.0, tinha a renda mais elevada na época do survey; não obstante, os argentinos avaliavam a sua felicidade abaixo de sete países com renda per capita mais baixa, inclusive a Guatemala que tinha uma renda três vezes menor.

O paradoxo é ainda maior quando consideramos o crescimento econômico recente. Tomando, de cada vez, grupos de países com níveis semelhantes de renda, os que mais tinham crescido eram os que tinham populações menos satisfeitas com a própria vida. Talvez a poupança obrigatória e outros sacrifícios necessários para crescer rapidamente onerem uma parte considerável da população.

Há tetos e há mínimos: a fome conta, na direção intuitiva. Porém, a partir de um consumo mínimo de calorias e de segurança física, doses adicionais de bens materiais não aumentam muito a felicidade das pessoas.

E a duração? Quanto dura a felicidade? Larsen e McKibban concluíram que as pessoas se acostumam com os bens materiais que possuem e que, uma vez adquiridos, eles influenciam cada vez menos a felicidade. Quem quer e adquire, é feliz por pouco tempo; quem quer e não pode adquirir continua infeliz. Evidentemente, quem não quer não é infeliz…

A avaliação da felicidade varia muito menos do que a renda per capita (PPP), o que gera alguns problemas. São escalas diferentes. A renda varia muito mais do que as avaliações dos países e da própria felicidade.

O paradoxo também se aplica a áreas específicas: os mais educados, usualmente, são os mais críticos e menos satisfeitos com a qualidade da educação no país.

A distância entre os dados objetivos e as percepções subjetivas não se limitam à felicidade:  o mesmo acontece em muitas outras áreas. Vejamos a segurança: O Uruguai, o Chile, a Costa Rica e a Argentina eram os países latino-americanos com taxas mais baixas de homicídio de acordo com a pesquisa. Não obstante, suas populações estavam entre as mais insatisfeitas com o nível de segurança, crime e violência nos seus respectivos países – mais de 60% no caso da Argentina e do Uruguai.

Há, portanto, exceções, e muitas, separando os dados “objetivos” das sensações e percepções.

Problema resolvido? Longe disso. Além das muitas exceções, há outros tipos de dados que chamam a atenção para o papel de outras variáveis. Os pesquisadores irlandeses Doherty e Kelly mostram, além de uma grande variação entre os países europeus, que os jovens se consideram mais felizes, os que estão satisfeitos com sua renda estão mais felizes (há muitos com renda alta, mas que querem mais e se consideram infelizes e há muitos com renda baixa, satisfeitos com o que têm, que se consideram felizes), o desemprego também diminui a felicidade (a despeito da proteção social em muitos países europeus). A confiança nos demais e na sociedade em que vivem aumenta a felicidade e ter crenças religiosas também aumenta a felicidade, o que coloca a felicidade individual num contexto maior, social e nacional. Mas a felicidade continua sendo em boa medida, inexplicada: apenas entre uma quinta e uma quarta parte na variância entre as pessoas está explicada. E o resto? E a maior parte da variância?

Não sabemos, e não adianta chutar.

Analisando os dados de vários anos desse mesmo survey, usando uma estratégia chamada de tree analysis, surgiram coisas novas: a saúde, tal qual avaliada pelo indivíduo, era o primeiro determinante da felicidade.  Talvez muitas das influências sobre a felicidade passem pela saúde. Os idosos, com menos saúde do que os jovens, se consideram menos felizes. Definida a saúde como variável primordial, surgem duas outras, a família e a religião, que trocam de lugar na hieraquia explicativa de acordo com a saúde.

Religião? É. A grande maioria das pesquisas concluir que os religiosos são mais felizes e enfrentam melhor as agruras da vida, mas a pesquisadora canadense Sandy L. Anger. Primeiro, concluiu que a maioria da população canadense se considera “algo feliz”, “mais ou menos feliz” – não muito feliz, nem infeliz, muito ou pouco.  Uma supresa: no Canadá, as pessoas não religiosas tendem a ser um pouco mais felizes do que as religiosas, mas os religiosos praticantes são mais felizes. Isso dificulta, mas não contradiz, a explicação baseada na endogenia: as pessoas doentes e infelizes procurariam a religião. Se aceitarmos essa explicação, teremos que aceitar que as que efetivamente se integram a uma igreja e participam mais das suas atividades
mudam o seu nível de felicidade para cima. Quem frequenta mais é mais feliz. A explicação laica para esse fato se baseia no apoio social, inter-pessoal e no combate à solidão.

O estudo da felicidade é área recente, cheia de promessas e de resultados contraditórios. Uma pesquisa patrocinada pelo BID mostra uma relação entre a avaliação que a cidadania faz do país e a avaliação que ela faz de si mesma. Essa é uma área promissora de expansão: a relação entre indivíduo e sociedade, entre indivíduo e estado. Afinal, vivemos em sociedade, gerenciados, bem ou mal, por um estado.

 Gláucio Ary Dillon Soares


 

Lições de uma criança com câncer

<strong>Recebi e reproduzo porque pode ajudar muitos de nós

Depoimento de um médico oncologista do Recife.

No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem com suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades. Nós médicos somos treinados para nos sentirmos “deuses”. Só que não o somos!
Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos
um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.
Meu anjo veio na forma de uma criança já com onze anos, calejada, porém por dois longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro, via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
Meu anjo respondeu:
– Tio, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondida nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei:
– E o que a morte representa para você, minha querida?
– Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?
(Lembrei que minhas filhas, na época com seis e dois anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)
– É isso mesmo, e então?
– Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
– É isso mesmo querida, você é muito esperta!
– Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei “entupigaitado”. Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.
– E minha mãe vai ficar com muita saudade minha. Emendou-a. Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: – E o que saudade significa para você, minha querida?
– Não sabe não, tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Um anjo passou por mim…
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus
valores.
Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo “meu anjo, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinaste, pela ajuda que me deste.
Que bom que existe saudades! O amor que ficou é eterno.

Rogério Brandão
Médico oncologista clínico
RC Recife Boa Vista D4500
Cremepe 5758″

<em>”Enquanto estiver vivo quero fracassar. O erro é o que me torna real: É minha agressão ao mundo: Minha vitalidade.Qu inventem louros de fracasse, pois eu os usarei.Fracassar é minha ousadia, minha audácia, minha maior habilidade.”</</em>strong>

Religião e ansiedade

As pessoas ansiosas vivem menos, se suicidam mais e vivem pior. Reduzir a ansiedade é uma questão de saúde pública, embora isso pareça avançado demais para os que possuem uma visão tradicional da medicina. Políticas públicas que reduzem a ansiedade, elevam a qualidade da vida e, por caminhos indiretos, reduzem a mortalidade. Num país com arraigada tradição estatista como o Brasil é possível imaginar políticas públicas elaboradas para reduzir autoritariamente a ansiedade. Não funciona. Os caminhos são outros.
Há estilos de vida e instituições associadas com eles que reduzem a ansiedade. Uma dessas instituições é a religião. Porém, ao entrar nas pesquisas e nas “noções” comuns a respeito dessa relação, vemos que ela é contraditória. Há vinte anos, Frenz e Carey pesquisaram as relações entre religiosidade e ansiedade. Não encontraram qualquer relação. Cinco anos depois, Koenig, Ford, George, Blazer e Meador encontraram relações, mas intrincadas. Não eram lineares nem simples.
Mas, pensemos: há religiões e religiões, e também há religiosos e religiosos – bem diferentes. Talvez estas diferenças expliquem parte da confusão. Um passo para deslindar essa relação foi dado quando separaram as pessoas cuja religiosidade era “para fora” daquelas nas que a religiosidade era “para dentro”. A religião das primeiras era social, a das últimas era interna – e muito mais protetora.
Há outras tradições teóricas que são úteis: uma vê a religião como maneira de enfrentar problemas e dificuldades; a outra é psicanalítica e vê funções da religião na defesa do ego. Essas duas tradições teóricas vêem um efeito catártico das religiões.
Falta o comportamento. Ir a igrejas, templos, sinagogas etc. tem efeito sobre a ansiedade? Maltby tentou responder essa pergunta. Para evitar os efeitos que confundem quando são analisadas religiões diferentes, todas as pessoas que estudou são da Church of England. Aumentou a homogeneidade, mas reduziu a amostra – 83 pessoas. Aplicou um questionário a todas onde media a ansiedade com uma escala. Aplicou o questionário meia hora antes da chegada na igreja e meia hora depois da saída. Perguntou – diretamente – se ficavam ansiosos com as preparações para ir à igreja. Esse desenho controla a endogenia – o fato das pessoas irem mais ou menos à igreja de acordo com o seu grau de ansiedade. A pesquisa permitia ver qual o efeito.
O que ele encontrou? Ir à igreja aumenta, diminui ou não tem nada a ver com a ansiedade? O autor verificou que o nível de ansiedade antes de ir à igreja era 41 pontos e depois era 37: não foi uma queda dramática, mas é uma diferença estatisticamente significativa no nível de <0,05. Segundo o autor, esses resultados fortalecem a teoria da catarse.
Essas conclusões foram reforçadas por outros estudos. Joanna Maselko estudou as correlatas das mudanças no comportamento religioso da infância para a maturidade em mulheres. As que cessaram suas atividades religiosas tinham um risco três vezes maior (21% vs. 7%) de padecer de ansiedade generalizada e de alcoolismo do que as que continuaram com suas atividades religiosas. Nos homens, a redução ou cessação da atividade religiosa contribuía para outro tipo de problema, a depressão. Os efeitos foram piores entre mulheres. A explicação de Maselko é as mulheres tendem a ser mais integradas na comunidade religiosa e sentem mais os efeitos quando saem dela.
Na Universidade de Toronto houve uma pesquisa com metodologia diferente: visualizavam as áreas do cérebro cuja atividade aumentava com a ansiedade. Aplicaram testes cognitivos que produziam mais ansiedade nos não religiosos do que nos religiosos, particularmente se erravam as respostas.
O estudo das religiões e de suas relações com importantes aspectos da vida como a felicidade, a saúde mental e a criminalidade, é imprescindível. Não basta ficar repetindo o que autores clássicos escreveram há um século.
A variedade das religiões no Brasil, maior país católico do mundo, maior país espírita do mundo, país onde as igrejas evangélicas crescem rapidamente e onde há claras diferenças de classe e de nível educacional entre as religiões, além de uma participação ativa de algumas delas na política, requer que os pesquisadores as levem em sério e as incluam em suas análises de vários tipos de comportamento. As conseqüências de um fenômeno socialmente tão relevante precisam ser conhecidas e, para conhecê-las, é preciso pesquisá-las.

Religião e ansiedade

As pessoas ansiosas vivem menos, se suicidam mais e vivem pior. Reduzir a ansiedade é uma questão de saúde pública, embora isso pareça avançado demais para os que possuem uma visão tradicional da medicina. Políticas públicas que reduzem a ansiedade, elevam a qualidade da vida e, por caminhos indiretos, reduzem a mortalidade. Num país com arraigada tradição estatista como o Brasil é possível imaginar políticas públicas elaboradas para reduzir autoritariamente a ansiedade. Não funciona. Os caminhos são outros.
Há estilos de vida e instituições associadas com eles que reduzem a ansiedade. Uma dessas instituições é a religião. Porém, ao entrar nas pesquisas e nas “noções” comuns a respeito dessa relação, vemos que ela é contraditória. Há vinte anos, Frenz e Carey pesquisaram as relações entre religiosidade e ansiedade. Não encontraram qualquer relação. Cinco anos depois, Koenig, Ford, George, Blazer e Meador encontraram relações, mas intrincadas. Não eram lineares nem simples.
Mas, pensemos: há religiões e religiões, e também há religiosos e religiosos – bem diferentes. Talvez estas diferenças expliquem parte da confusão. Um passo para deslindar essa relação foi dado quando separaram as pessoas cuja religiosidade era “para fora” daquelas nas que a religiosidade era “para dentro”. A religião das primeiras era social, a das últimas era interna – e muito mais protetora.
Há outras tradições teóricas que são úteis: uma vê a religião como maneira de enfrentar problemas e dificuldades; a outra é psicanalítica e vê funções da religião na defesa do ego. Essas duas tradições teóricas vêem um efeito catártico das religiões.
Falta o comportamento. Ir a igrejas, templos, sinagogas etc. tem efeito sobre a ansiedade? Maltby tentou responder essa pergunta. Para evitar os efeitos que confundem quando são analisadas religiões diferentes, todas as pessoas que estudou são da Church of England. Aumentou a homogeneidade, mas reduziu a amostra – 83 pessoas. Aplicou um questionário a todas onde media a ansiedade com uma escala. Aplicou o questionário meia hora antes da chegada na igreja e meia hora depois da saída. Perguntou – diretamente – se ficavam ansiosos com as preparações para ir à igreja. Esse desenho controla a endogenia – o fato das pessoas irem mais ou menos à igreja de acordo com o seu grau de ansiedade. A pesquisa permitia ver qual o efeito.
O que ele encontrou? Ir à igreja aumenta, diminui ou não tem nada a ver com a ansiedade? O autor verificou que o nível de ansiedade antes de ir à igreja era 41 pontos e depois era 37: não foi uma queda dramática, mas é uma diferença estatisticamente significativa no nível de <0,05. Segundo o autor, esses resultados fortalecem a teoria da catarse.
Essas conclusões foram reforçadas por outros estudos. Joanna Maselko estudou as correlatas das mudanças no comportamento religioso da infância para a maturidade em mulheres. As que cessaram suas atividades religiosas tinham um risco três vezes maior (21% vs. 7%) de padecer de ansiedade generalizada e de alcoolismo do que as que continuaram com suas atividades religiosas. Nos homens, a redução ou cessação da atividade religiosa contribuía para outro tipo de problema, a depressão. Os efeitos foram piores entre mulheres. A explicação de Maselko é as mulheres tendem a ser mais integradas na comunidade religiosa e sentem mais os efeitos quando saem dela.
Na Universidade de Toronto houve uma pesquisa com metodologia diferente: visualizavam as áreas do cérebro cuja atividade aumentava com a ansiedade. Aplicaram testes cognitivos que produziam mais ansiedade nos não religiosos do que nos religiosos, particularmente se erravam as respostas.
O estudo das religiões e de suas relações com importantes aspectos da vida como a felicidade, a saúde mental e a criminalidade, é imprescindível. Não basta ficar repetindo o que autores clássicos escreveram há um século.
A variedade das religiões no Brasil, maior país católico do mundo, maior país espírita do mundo, país onde as igrejas evangélicas crescem rapidamente e onde há claras diferenças de classe e de nível educacional entre as religiões, além de uma participação ativa de algumas delas na política, requer que os pesquisadores as levem em sério e as incluam em suas análises de vários tipos de comportamento. As conseqüências de um fenômeno socialmente tão relevante precisam ser conhecidas e, para conhecê-las, é preciso pesquisá-las.

Religião e ansiedade

As pessoas ansiosas vivem menos, se suicidam mais e vivem pior. Reduzir a ansiedade é uma questão de saúde pública, embora isso pareça avançado demais para os que possuem uma visão tradicional da medicina. Políticas públicas que reduzem a ansiedade, elevam a qualidade da vida e, por caminhos indiretos, reduzem a mortalidade. Num país com arraigada tradição estatista como o Brasil é possível imaginar políticas públicas elaboradas para reduzir autoritariamente a ansiedade. Não funciona. Os caminhos são outros.
Há estilos de vida e instituições associadas com eles que reduzem a ansiedade. Uma dessas instituições é a religião. Porém, ao entrar nas pesquisas e nas “noções” comuns a respeito dessa relação, vemos que ela é contraditória. Há vinte anos, Frenz e Carey pesquisaram as relações entre religiosidade e ansiedade. Não encontraram qualquer relação. Cinco anos depois, Koenig, Ford, George, Blazer e Meador encontraram relações, mas intrincadas. Não eram lineares nem simples.
Mas, pensemos: há religiões e religiões, e também há religiosos e religiosos – bem diferentes. Talvez estas diferenças expliquem parte da confusão. Um passo para deslindar essa relação foi dado quando separaram as pessoas cuja religiosidade era “para fora” daquelas nas que a religiosidade era “para dentro”. A religião das primeiras era social, a das últimas era interna – e muito mais protetora.
Há outras tradições teóricas que são úteis: uma vê a religião como maneira de enfrentar problemas e dificuldades; a outra é psicanalítica e vê funções da religião na defesa do ego. Essas duas tradições teóricas vêem um efeito catártico das religiões.
Falta o comportamento. Ir a igrejas, templos, sinagogas etc. tem efeito sobre a ansiedade? Maltby tentou responder essa pergunta. Para evitar os efeitos que confundem quando são analisadas religiões diferentes, todas as pessoas que estudou são da Church of England. Aumentou a homogeneidade, mas reduziu a amostra – 83 pessoas. Aplicou um questionário a todas onde media a ansiedade com uma escala. Aplicou o questionário meia hora antes da chegada na igreja e meia hora depois da saída. Perguntou – diretamente – se ficavam ansiosos com as preparações para ir à igreja. Esse desenho controla a endogenia – o fato das pessoas irem mais ou menos à igreja de acordo com o seu grau de ansiedade. A pesquisa permitia ver qual o efeito.
O que ele encontrou? Ir à igreja aumenta, diminui ou não tem nada a ver com a ansiedade? O autor verificou que o nível de ansiedade antes de ir à igreja era 41 pontos e depois era 37: não foi uma queda dramática, mas é uma diferença estatisticamente significativa no nível de <0,05. Segundo o autor, esses resultados fortalecem a teoria da catarse.
Essas conclusões foram reforçadas por outros estudos. Joanna Maselko estudou as correlatas das mudanças no comportamento religioso da infância para a maturidade em mulheres. As que cessaram suas atividades religiosas tinham um risco três vezes maior (21% vs. 7%) de padecer de ansiedade generalizada e de alcoolismo do que as que continuaram com suas atividades religiosas. Nos homens, a redução ou cessação da atividade religiosa contribuía para outro tipo de problema, a depressão. Os efeitos foram piores entre mulheres. A explicação de Maselko é as mulheres tendem a ser mais integradas na comunidade religiosa e sentem mais os efeitos quando saem dela.
Na Universidade de Toronto houve uma pesquisa com metodologia diferente: visualizavam as áreas do cérebro cuja atividade aumentava com a ansiedade. Aplicaram testes cognitivos que produziam mais ansiedade nos não religiosos do que nos religiosos, particularmente se erravam as respostas.
O estudo das religiões e de suas relações com importantes aspectos da vida como a felicidade, a saúde mental e a criminalidade, é imprescindível. Não basta ficar repetindo o que autores clássicos escreveram há um século.
A variedade das religiões no Brasil, maior país católico do mundo, maior país espírita do mundo, país onde as igrejas evangélicas crescem rapidamente e onde há claras diferenças de classe e de nível educacional entre as religiões, além de uma participação ativa de algumas delas na política, requer que os pesquisadores as levem em sério e as incluam em suas análises de vários tipos de comportamento. As conseqüências de um fenômeno socialmente tão relevante precisam ser conhecidas e, para conhecê-las, é preciso pesquisá-las.

Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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