Diálogo entre cancerosos

Diálogo entre cancerosos

 Bruna: Boa noite meu amigo, meus pêsames pela morte do seu amigo, quanta tristeza hein? Chorei muito com seu depoimento.

 

 Gláucio Soares: Como tu dizes, cada um de nós que morre provoca uma dor que repercute em todos os demais. Um cheiro, minha querida.

 

Bruna: As pessoas me falam que choro por qualquer coisa, mas acho que não, fiquei mais sensível ao sofrimento das pessoas. Desculpe pelo incômodo, sei que és um homem muito ocupado.

 

Gláucio Soares: Triste mundo: é feio chorar pelos demais.

 

Bruna: como o senhor está? Em relação à sua saúde?

 

Gláucio Soares: Cada dia é uma benção. Estive com crianças muito pobres e em situação de risco, no interior de Pernambuco. Consegui que algumas sorrissem e eu estou feliz até agora.

 

Bruna: Na última vez que nos falamos o senhor estava em Nova Iorque… nossa, que trabalho lindo.

Gláucio Soares: Fazendo tratamento anti-hormonal. É cheio de efeitos colaterais, mas nada que se assemelhe à químio.

 

Bruna: estive com meu médico sexta-feira passada, e ele me desenganou totalmente estou muito triste, pois tenho uma filha especial; parece que esta doença resolveu invadir meu organismo por completo.

Gláucio Soares: Ela sobreviverá e dará testemunho. Se ela precisar e eu puder, ajudarei. Tenho essa abençoada missão.

 

Bruna: Obrigada pelo carinho

 

Gláucio Soares: Acredite, por favor.

 

Bruna: estou sem fé no momento. Não sei o que está havendo comigo – nunca fui de desistir das coisas, mas parece que meu tempo aqui está se findando… Desculpe. Preciso desabafar com alguém.

 

Gláucio Soares: É a revolta. Kubler-Ross diz que é uma fase, que virá a aceitação.

Bruna: os que passam o que eu passo? Será? Os médicos não me dão nenhuma esperança.

 

Gláucio Soares: Há alguns caminhos diferentes, mas a maioria chega até a aceitação.

 

Bruna: já estou com quatro canceres diferentes  e ele continua se alastrando pelo meu corpo.

 

 Gláucio Soares: posso pedir que um amigo reze missa por ti?

 

 Bruna: Pode.

 

 Gláucio Soares: Posso colocar nossa conversa, sem identificação, online? Talvez ajude alguém a ser mais compreensivo e a ajudar quem sofre.

 

 Bruna: Pode sim, sem problemas.

 

 Gláucio Soares: O pai de tua filha pode segurar a barra sozinho?

 

 Bruna: sou mãe solteira

 

 Gláucio Soares: Eu sei, mas há um pai biológico, consciente da paternidade?

 

 Bruna: quando ela nasceu a minha família e ele quiseram que eu a deixasse na maternidade, por ela ser Síndrome de Down, mas ele a conhece sim.

 

 Gláucio Soares: há quem possa ajudá-la?

 

 Bruna: Sim, tenho uma irmã, uma pessoa muito boa, ela está no seu Facebook, também, como xxxx

 

 Gláucio Soares: Bruna, viva o que ainda podes viver, e olha para o que fizeste. Olha para a tua sensibilidade. Olha o bem que fizeste.

 

 Bruna: Trabalhamos juntas.

 

 Gláucio Soares: Olha para a empatia que tens para com os demais que sofrem com essa doença, teu desejo de ajudar. Queres ajudar mesmo quando os médicos te dizem que estás chegando ao fim…

 

 Bruna: Nós temos uma livraria itinerante.

 

 Gláucio Soares: Linda ideia.

 

 Bruna: Obrigada pelas doces palavras.

 

 Gláucio Soares: Bruna, como estamos pouco preparados para a morte! A nossa, e a das pessoas queridas também. Tu és uma pessoa querida. Não estou preparado para o que me dizes que te acontecerá.

 

 Bruna: me sinto lisonjeada, vindo de uma pessoa como o senhor, parece que nos conhecemos há anos…

 

 Gláucio Soares: Na minha idade, seria há décadas…

 

 Bruna: rsrsrs que isso. Acho que és bem mais moço do que eu: até meus médicos dizem que tenho 100 anos cabeça, de séculos atrás.

 

 Gláucio Soares: Se a alma é imortal, como acreditamos quando nos convém, somos milenares ou mais. Será que as almas nascem ou sempre existiram?

 

 Bruna: Vou deixar o senhor descansar, espero um dia podermos nos ver pessoalmente, e conversar mais. Fica aqui o meu abraço qualquer coisa este é meu e-mail: xxxxxxx Falo muito; desculpe mais uma vez

 

 Gláucio Soares: Envio o meu abraço. Entraste nas minhas intenções. Fique certa de que minha alma sente e pede pela tua.

 

 Bruna: depois quero saber sobre o blog do senhor, o que mencionou no depoimento ao seu amigo. Fique com DEUS.

 

     

Lições de uma criança com câncer

<strong>Recebi e reproduzo porque pode ajudar muitos de nós

Depoimento de um médico oncologista do Recife.

No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem com suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades. Nós médicos somos treinados para nos sentirmos “deuses”. Só que não o somos!
Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos
um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.
Meu anjo veio na forma de uma criança já com onze anos, calejada, porém por dois longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro, via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
Meu anjo respondeu:
– Tio, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondida nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei:
– E o que a morte representa para você, minha querida?
– Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?
(Lembrei que minhas filhas, na época com seis e dois anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)
– É isso mesmo, e então?
– Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
– É isso mesmo querida, você é muito esperta!
– Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei “entupigaitado”. Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.
– E minha mãe vai ficar com muita saudade minha. Emendou-a. Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: – E o que saudade significa para você, minha querida?
– Não sabe não, tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Um anjo passou por mim…
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus
valores.
Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo “meu anjo, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinaste, pela ajuda que me deste.
Que bom que existe saudades! O amor que ficou é eterno.

Rogério Brandão
Médico oncologista clínico
RC Recife Boa Vista D4500
Cremepe 5758″

<em>”Enquanto estiver vivo quero fracassar. O erro é o que me torna real: É minha agressão ao mundo: Minha vitalidade.Qu inventem louros de fracasse, pois eu os usarei.Fracassar é minha ousadia, minha audácia, minha maior habilidade.”</</em>strong>

Religião e resistências ao exame do toque retal entre negros americanos

Há populações que, por razões culturais e psicológicas, se resistem a fazer esse ou aquele teste. O exame da próstata inclui um exame retal. Muitos homens preferem arriscar ter o câncer do que se submeter ao exame “do dedo”. Usualmente, atitudes conservadoras nessa área são atribuídas a fatores culturais tradicionais, inclusive à religião. Nos Estados Unidos existe a crença de que mais homens negros se negam ao exame digital retal do que os brancos. Por isso, eles têm sido alvo de pesquisas específicas.
Recentemente, uma pesquisa feita pela University of Alabama e publicado no American Journal of Men’s Health, produziu dados inesperados. Negros americanos que apresentam um comportamento religioso, ainda que não tenham crenças religiosas, tinham o dobro da probabilidade de ter feito esse exame. Os exames preventivos são particularmente importantes para a população negra nos Estados Unidos porque ela tem o dobro do risco de morrer de câncer da próstata em relação aos homens brancos. Aproximadamente duzentos homens negros foram estudados. A participação em atividades e serviços religiosas foram uma das variáveis usadas; ter uma relação com Deus ou rezar foram as crenças religiosas consideradas.
Negros que tinham comportamentos religiosos tinham uma probabilidade 1,7 vezes mais alta de ter feito o exame do toque retal no ano anterior. Os que tinham comportamentos religiosos tinham uma probabilidade sete vezes mais elevada de dizer que tinham uma consulta para fazer esse exame nos seis meses seguintes.
A significação dessas associações fica mais relevante porque nem comportamento nem crenças religiosas tinham uma associação estatisticamente significativa com fazer/não fazer um exame de PSA.

Religião e ansiedade

As pessoas ansiosas vivem menos, se suicidam mais e vivem pior. Reduzir a ansiedade é uma questão de saúde pública, embora isso pareça avançado demais para os que possuem uma visão tradicional da medicina. Políticas públicas que reduzem a ansiedade, elevam a qualidade da vida e, por caminhos indiretos, reduzem a mortalidade. Num país com arraigada tradição estatista como o Brasil é possível imaginar políticas públicas elaboradas para reduzir autoritariamente a ansiedade. Não funciona. Os caminhos são outros.
Há estilos de vida e instituições associadas com eles que reduzem a ansiedade. Uma dessas instituições é a religião. Porém, ao entrar nas pesquisas e nas “noções” comuns a respeito dessa relação, vemos que ela é contraditória. Há vinte anos, Frenz e Carey pesquisaram as relações entre religiosidade e ansiedade. Não encontraram qualquer relação. Cinco anos depois, Koenig, Ford, George, Blazer e Meador encontraram relações, mas intrincadas. Não eram lineares nem simples.
Mas, pensemos: há religiões e religiões, e também há religiosos e religiosos – bem diferentes. Talvez estas diferenças expliquem parte da confusão. Um passo para deslindar essa relação foi dado quando separaram as pessoas cuja religiosidade era “para fora” daquelas nas que a religiosidade era “para dentro”. A religião das primeiras era social, a das últimas era interna – e muito mais protetora.
Há outras tradições teóricas que são úteis: uma vê a religião como maneira de enfrentar problemas e dificuldades; a outra é psicanalítica e vê funções da religião na defesa do ego. Essas duas tradições teóricas vêem um efeito catártico das religiões.
Falta o comportamento. Ir a igrejas, templos, sinagogas etc. tem efeito sobre a ansiedade? Maltby tentou responder essa pergunta. Para evitar os efeitos que confundem quando são analisadas religiões diferentes, todas as pessoas que estudou são da Church of England. Aumentou a homogeneidade, mas reduziu a amostra – 83 pessoas. Aplicou um questionário a todas onde media a ansiedade com uma escala. Aplicou o questionário meia hora antes da chegada na igreja e meia hora depois da saída. Perguntou – diretamente – se ficavam ansiosos com as preparações para ir à igreja. Esse desenho controla a endogenia – o fato das pessoas irem mais ou menos à igreja de acordo com o seu grau de ansiedade. A pesquisa permitia ver qual o efeito.
O que ele encontrou? Ir à igreja aumenta, diminui ou não tem nada a ver com a ansiedade? O autor verificou que o nível de ansiedade antes de ir à igreja era 41 pontos e depois era 37: não foi uma queda dramática, mas é uma diferença estatisticamente significativa no nível de <0,05. Segundo o autor, esses resultados fortalecem a teoria da catarse.
Essas conclusões foram reforçadas por outros estudos. Joanna Maselko estudou as correlatas das mudanças no comportamento religioso da infância para a maturidade em mulheres. As que cessaram suas atividades religiosas tinham um risco três vezes maior (21% vs. 7%) de padecer de ansiedade generalizada e de alcoolismo do que as que continuaram com suas atividades religiosas. Nos homens, a redução ou cessação da atividade religiosa contribuía para outro tipo de problema, a depressão. Os efeitos foram piores entre mulheres. A explicação de Maselko é as mulheres tendem a ser mais integradas na comunidade religiosa e sentem mais os efeitos quando saem dela.
Na Universidade de Toronto houve uma pesquisa com metodologia diferente: visualizavam as áreas do cérebro cuja atividade aumentava com a ansiedade. Aplicaram testes cognitivos que produziam mais ansiedade nos não religiosos do que nos religiosos, particularmente se erravam as respostas.
O estudo das religiões e de suas relações com importantes aspectos da vida como a felicidade, a saúde mental e a criminalidade, é imprescindível. Não basta ficar repetindo o que autores clássicos escreveram há um século.
A variedade das religiões no Brasil, maior país católico do mundo, maior país espírita do mundo, país onde as igrejas evangélicas crescem rapidamente e onde há claras diferenças de classe e de nível educacional entre as religiões, além de uma participação ativa de algumas delas na política, requer que os pesquisadores as levem em sério e as incluam em suas análises de vários tipos de comportamento. As conseqüências de um fenômeno socialmente tão relevante precisam ser conhecidas e, para conhecê-las, é preciso pesquisá-las.

Religião e ansiedade

As pessoas ansiosas vivem menos, se suicidam mais e vivem pior. Reduzir a ansiedade é uma questão de saúde pública, embora isso pareça avançado demais para os que possuem uma visão tradicional da medicina. Políticas públicas que reduzem a ansiedade, elevam a qualidade da vida e, por caminhos indiretos, reduzem a mortalidade. Num país com arraigada tradição estatista como o Brasil é possível imaginar políticas públicas elaboradas para reduzir autoritariamente a ansiedade. Não funciona. Os caminhos são outros.
Há estilos de vida e instituições associadas com eles que reduzem a ansiedade. Uma dessas instituições é a religião. Porém, ao entrar nas pesquisas e nas “noções” comuns a respeito dessa relação, vemos que ela é contraditória. Há vinte anos, Frenz e Carey pesquisaram as relações entre religiosidade e ansiedade. Não encontraram qualquer relação. Cinco anos depois, Koenig, Ford, George, Blazer e Meador encontraram relações, mas intrincadas. Não eram lineares nem simples.
Mas, pensemos: há religiões e religiões, e também há religiosos e religiosos – bem diferentes. Talvez estas diferenças expliquem parte da confusão. Um passo para deslindar essa relação foi dado quando separaram as pessoas cuja religiosidade era “para fora” daquelas nas que a religiosidade era “para dentro”. A religião das primeiras era social, a das últimas era interna – e muito mais protetora.
Há outras tradições teóricas que são úteis: uma vê a religião como maneira de enfrentar problemas e dificuldades; a outra é psicanalítica e vê funções da religião na defesa do ego. Essas duas tradições teóricas vêem um efeito catártico das religiões.
Falta o comportamento. Ir a igrejas, templos, sinagogas etc. tem efeito sobre a ansiedade? Maltby tentou responder essa pergunta. Para evitar os efeitos que confundem quando são analisadas religiões diferentes, todas as pessoas que estudou são da Church of England. Aumentou a homogeneidade, mas reduziu a amostra – 83 pessoas. Aplicou um questionário a todas onde media a ansiedade com uma escala. Aplicou o questionário meia hora antes da chegada na igreja e meia hora depois da saída. Perguntou – diretamente – se ficavam ansiosos com as preparações para ir à igreja. Esse desenho controla a endogenia – o fato das pessoas irem mais ou menos à igreja de acordo com o seu grau de ansiedade. A pesquisa permitia ver qual o efeito.
O que ele encontrou? Ir à igreja aumenta, diminui ou não tem nada a ver com a ansiedade? O autor verificou que o nível de ansiedade antes de ir à igreja era 41 pontos e depois era 37: não foi uma queda dramática, mas é uma diferença estatisticamente significativa no nível de <0,05. Segundo o autor, esses resultados fortalecem a teoria da catarse.
Essas conclusões foram reforçadas por outros estudos. Joanna Maselko estudou as correlatas das mudanças no comportamento religioso da infância para a maturidade em mulheres. As que cessaram suas atividades religiosas tinham um risco três vezes maior (21% vs. 7%) de padecer de ansiedade generalizada e de alcoolismo do que as que continuaram com suas atividades religiosas. Nos homens, a redução ou cessação da atividade religiosa contribuía para outro tipo de problema, a depressão. Os efeitos foram piores entre mulheres. A explicação de Maselko é as mulheres tendem a ser mais integradas na comunidade religiosa e sentem mais os efeitos quando saem dela.
Na Universidade de Toronto houve uma pesquisa com metodologia diferente: visualizavam as áreas do cérebro cuja atividade aumentava com a ansiedade. Aplicaram testes cognitivos que produziam mais ansiedade nos não religiosos do que nos religiosos, particularmente se erravam as respostas.
O estudo das religiões e de suas relações com importantes aspectos da vida como a felicidade, a saúde mental e a criminalidade, é imprescindível. Não basta ficar repetindo o que autores clássicos escreveram há um século.
A variedade das religiões no Brasil, maior país católico do mundo, maior país espírita do mundo, país onde as igrejas evangélicas crescem rapidamente e onde há claras diferenças de classe e de nível educacional entre as religiões, além de uma participação ativa de algumas delas na política, requer que os pesquisadores as levem em sério e as incluam em suas análises de vários tipos de comportamento. As conseqüências de um fenômeno socialmente tão relevante precisam ser conhecidas e, para conhecê-las, é preciso pesquisá-las.

Religião e ansiedade

As pessoas ansiosas vivem menos, se suicidam mais e vivem pior. Reduzir a ansiedade é uma questão de saúde pública, embora isso pareça avançado demais para os que possuem uma visão tradicional da medicina. Políticas públicas que reduzem a ansiedade, elevam a qualidade da vida e, por caminhos indiretos, reduzem a mortalidade. Num país com arraigada tradição estatista como o Brasil é possível imaginar políticas públicas elaboradas para reduzir autoritariamente a ansiedade. Não funciona. Os caminhos são outros.
Há estilos de vida e instituições associadas com eles que reduzem a ansiedade. Uma dessas instituições é a religião. Porém, ao entrar nas pesquisas e nas “noções” comuns a respeito dessa relação, vemos que ela é contraditória. Há vinte anos, Frenz e Carey pesquisaram as relações entre religiosidade e ansiedade. Não encontraram qualquer relação. Cinco anos depois, Koenig, Ford, George, Blazer e Meador encontraram relações, mas intrincadas. Não eram lineares nem simples.
Mas, pensemos: há religiões e religiões, e também há religiosos e religiosos – bem diferentes. Talvez estas diferenças expliquem parte da confusão. Um passo para deslindar essa relação foi dado quando separaram as pessoas cuja religiosidade era “para fora” daquelas nas que a religiosidade era “para dentro”. A religião das primeiras era social, a das últimas era interna – e muito mais protetora.
Há outras tradições teóricas que são úteis: uma vê a religião como maneira de enfrentar problemas e dificuldades; a outra é psicanalítica e vê funções da religião na defesa do ego. Essas duas tradições teóricas vêem um efeito catártico das religiões.
Falta o comportamento. Ir a igrejas, templos, sinagogas etc. tem efeito sobre a ansiedade? Maltby tentou responder essa pergunta. Para evitar os efeitos que confundem quando são analisadas religiões diferentes, todas as pessoas que estudou são da Church of England. Aumentou a homogeneidade, mas reduziu a amostra – 83 pessoas. Aplicou um questionário a todas onde media a ansiedade com uma escala. Aplicou o questionário meia hora antes da chegada na igreja e meia hora depois da saída. Perguntou – diretamente – se ficavam ansiosos com as preparações para ir à igreja. Esse desenho controla a endogenia – o fato das pessoas irem mais ou menos à igreja de acordo com o seu grau de ansiedade. A pesquisa permitia ver qual o efeito.
O que ele encontrou? Ir à igreja aumenta, diminui ou não tem nada a ver com a ansiedade? O autor verificou que o nível de ansiedade antes de ir à igreja era 41 pontos e depois era 37: não foi uma queda dramática, mas é uma diferença estatisticamente significativa no nível de <0,05. Segundo o autor, esses resultados fortalecem a teoria da catarse.
Essas conclusões foram reforçadas por outros estudos. Joanna Maselko estudou as correlatas das mudanças no comportamento religioso da infância para a maturidade em mulheres. As que cessaram suas atividades religiosas tinham um risco três vezes maior (21% vs. 7%) de padecer de ansiedade generalizada e de alcoolismo do que as que continuaram com suas atividades religiosas. Nos homens, a redução ou cessação da atividade religiosa contribuía para outro tipo de problema, a depressão. Os efeitos foram piores entre mulheres. A explicação de Maselko é as mulheres tendem a ser mais integradas na comunidade religiosa e sentem mais os efeitos quando saem dela.
Na Universidade de Toronto houve uma pesquisa com metodologia diferente: visualizavam as áreas do cérebro cuja atividade aumentava com a ansiedade. Aplicaram testes cognitivos que produziam mais ansiedade nos não religiosos do que nos religiosos, particularmente se erravam as respostas.
O estudo das religiões e de suas relações com importantes aspectos da vida como a felicidade, a saúde mental e a criminalidade, é imprescindível. Não basta ficar repetindo o que autores clássicos escreveram há um século.
A variedade das religiões no Brasil, maior país católico do mundo, maior país espírita do mundo, país onde as igrejas evangélicas crescem rapidamente e onde há claras diferenças de classe e de nível educacional entre as religiões, além de uma participação ativa de algumas delas na política, requer que os pesquisadores as levem em sério e as incluam em suas análises de vários tipos de comportamento. As conseqüências de um fenômeno socialmente tão relevante precisam ser conhecidas e, para conhecê-las, é preciso pesquisá-las.

Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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Religião Traz Felicidade?

Religião e ciência sempre se viram com certa suspeita. Enquanto a Igreja era uma das maiores forças do mundo, as incursões mais eficientes (e, às vezes, prejudiciais) foram da religião na ciência. Outras forças surgiram e cresceram, e o velho antagonismo perdeu espaço. Porém, recentemente, a ciência decidiu levar em sério a religião e a religiosidade – como objetos de estudo. Os resultados deixaram os cientistas religiosos exultantes: pessoas com crenças religiosas são mais felizes do que ateus ou agnósticos.
Na linguagem reservada de muitos cientistas, a religião aparece como uma fonte de segurança e as pessoas religiosas enfrentam eventos negativos como o divórcio, o desemprego e a doença. Isso confirma o que os psicólogos afirmam há muito tempo: há ganhos e vantagens em crer. Os dados vêm da insuspeita escola de economia de Paris e se referem a uma ampla pesquisa domiciliar feita em quase toda a Europa. Os religiosos estão, sem lugar a dúvida, mais satisfeitos com a vida, mas o efeito protetor da religião varia com o tipo de acontecimento e com a própria religião. Não são todas iguais.
Há duas imagens da religião que saíram fortalecidas: a religião como anteparo e a religião como fortaleza.
Os autores da pesquisa, Andrew Clark e Orsolya Lelkes concluíram que a fé intensa leva a atitudes políticas claras, bem mais conservadoras e algumas áreas, como o seguro-desemprego.
Fonte: Conferência Anual da Royal Economic Society.

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