Solidão, depressão e declínio cognitivo entre idosos

Sabemos que uma das principais preocupações que acompanham a idade avançada é a perda de capacidades cognitivas. Qual a relação entre a solidão e essa perda? A pesquisa, desta vez, foi realizada nos Estados Unidos, analisando 8.382 homens e mulheres com 65 anos ou mais que participaram do US Health and Retirement Study, de 1998 a 2010.

Cada dois anos, a solidão e a depressão foram medidas, juntamente com a memória[1], a capacidade cognitiva, além da saúde, do status socioeconômico e de características demográficas, como sexo, idade etc.

Quais foram os resultados? Os que sofriam com a solidão na primeira pesquisa tiveram um declínio mais acentuado da capacidade cognitiva durante os doze anos seguintes, mesmo controlando as demais variáveis – inclusive as redes interpessoais de amizade, família etc. Esse resultado sublinha a importância da solidão e de seus componentes subjetivos também. A depressão, seja moderada ou alta, também afeta, e muito, a capacidade cognitiva. Ao controlar a depressão, o efeito da solidão sobre o declínio cognitivo diminuiu, o que sugere que parte importante do efeito da solidão sobre a cognição se faz através da depressão.

E quem já tinha deficiências cognitivas na primeira onda da pesquisa? Essas pessoas idosas foram ficando mais e mais sós durante os doze anos de duração da pesquisa, sugerindo, na minha leitura, que as pessoas com deficiências cognitivas se isolam, por um lado, e são abandonadas, pelo outro (RR de 1,3, 95% CI (1,1-1,5) p = 0,005). Não obstante, as limitações na capacidade cognitiva que já estavam presentes no início da pesquisa não aumentam significativamente a solidão quando a depressão é controlada, sugerindo que a depressão é um fator mediador entre as duas.

Agrego observações pessoais. Quando, há quase vinte anos, juntamente com Marilia e Melina Coutinho, visitei algumas vezes uma casa para idosos em Gainesville, na Flórida, uma das reclamações era a solidão, a ausência de visitas e até mesmo telefonemas da parte de amigos e familiares, inclusive de filhos e filhas. As visitas de pessoas “de fora” bem-intencionadas causavam alegria e felicidade. Com boa vontade, temos em nossas mãos o poder de ajudar essa população segregada pelo mundo. Basta um pouco de carinho e atenção.


[1] Para medir a depressão, usaram uma escala com oito perguntas, a Center for Epidemiologic Studies Depression scale.

O suicídio de pré-adolescentes e adolescentes é um processo

Uma “autópsia (necropsia) psicológica de vinte pré-adolescentes e adolescentes (12 a 19 anos) e a comparação com um grupo controle com características semelhantes mostra resultados que podem contribuir para a prevenção de suicídios nessa faixa etária.

 

Oitenta e cinco por cento das vítimas e 18% dos controles expressaram ideações suicidas, levando a crer que essas ideações são importantes na previsão e na prevenção dos suicídios.

Uma categoria nem sempre usada nas pesquisas é a ameaça de suicídio. Cinquenta e cinco por cento das vítimas tinham ameaçado suicidar-se. Outras variáveis importantes foram o alcoolismo ou o uso de drogas (70%), um comportamento antissocial (70%) e o que foi chamado de personalidade inibida (65%). Como também foi confirmado em muitos outros estudos, comportamentos suicidas na família e entre amigos, abuso e/ou problemas mentais na família também aumentam o risco de suicídio.

Os amigos e familiares, normalmente um fator que reduz o risco de suicídio, se estiverem em condições de patologia psicológica ou sociológica aumentam o risco.

Há uma escalada de sintomas que podem alertar as pessoas e instituições responsáveis:

 Das Ideações às Ameaças àsTentativas ao Suicídio

 

 Esses sintomas permitem interromper a escalada em momentos diferentes. Esse conhecimento deve ser levado em conta na prevenção.

 

 Saiba mais: Psychological autopsy of completed suicide in children and adolescentes, em Am J Psychiatry 1985;142:1061-1064.

 

 

         GLÁUCIO SOARES    IESP-UERJ

 

 

O SUICÍDIO E AS DEPRESSÕES UNIPOLARES E BIPOLARES

Um estudo americano afirma que 90% dos suicídios são de pessoas com uma desordem psiquiátrica que pode ser, ou foi, diagnosticada. A relação é íntima.

Porém, há muitas desordens psiquiátricas, umas mais relacionadas com o suicídio do que outras.

Pacientes que sofrem de depressão unipolar severa (chamada na literatura americana de UP-MDD) as taxas padronizadas de suicídio são vinte vezes mais altas do que as da população. A literatura consultada enfatiza que as depressões variam muito de intensidade, fato muito relevante na análise do risco de suicídio porque as mais severas caracterizam um risco muito maior.

Quando realizamos uma necropsia psicológica de um suicida que sofria de depressão unipolar num país com boa assistência psiquiátrica e estatísticas confiáveis um indicador de severidade é se a vítima esteve internada ou não. Os pacientes que foram hospitalizados apresentaram taxas muito mais altas do que os pacientes tratados no consultório. Uma escola de pensamento afirma que a depressão atual é a variável mais frequentemente associada com o suicídio.

Não obstante, as desordens bipolares estão ainda mais associadas com o suicídio do que as unipolares.

Uma das pesquisas que consultei foi uma meta-análise de 28 pesquisas com 21.500 pacientes com Desordem Bipolar, entre os que houve 823 suicídios. A média anual ponderada permitiu estimar a taxa em 390 por cem mil.

Trezentos e noventa! Essa taxa é aproximadamente vinte e seis vezes mais alta do que a calculada sobre países com dados confiáveis. A diferença diminui se tomamos como comparação a taxa da população adulta ou, pelo menos, de quinze anos e mais.

A prevenção do suicídio não pode ignorar a forte associação deste comportamento com desordens psiquiátricas. Necessitamos de campanhas de conscientização em vários níveis – na população, entre professores, entre médicos, religiosos, e também entre psiquiatras, psicólogos e psicanalistas – entre outros.

 

 

GLÁUCIO SOARES              IESP-UERJ

O SUICÍDIO E AS DEPRESSÕES UNIPOLARES E BIPOLARES

Um estudo americano afirma que 90% dos suicídios são de pessoas com uma desordem psiquiátrica que pode ser, ou foi, diagnosticada. A relação é íntima.

Porém, há muitas desordens psiquiátricas, umas mais relacionadas com o suicídio do que outras.

Pacientes que sofrem de depressão unipolar severa (chamada na literatura americana de UP-MDD) as taxas padronizadas de suicídio são vinte vezes mais altas do que as da população. A literatura consultada enfatiza que as depressões variam muito de intensidade, fato muito relevante na análise do risco de suicídio porque as mais severas caracterizam um risco muito maior.

Quando realizamos uma necropsia psicológica de um suicida que sofria de depressão unipolar num país com boa assistência psiquiátrica e estatísticas confiáveis um indicador de severidade é se a vítima esteve internada ou não. Os pacientes que foram hospitalizados apresentaram taxas muito mais altas do que os pacientes tratados no consultório. Uma escola de pensamento afirma que a depressão atual é a variável mais frequentemente associada com o suicídio.

Não obstante, as desordens bipolares estão ainda mais associadas com o suicídio do que as unipolares.

Uma das pesquisas que consultei foi uma meta-análise de 28 pesquisas com 21.500 pacientes com Desordem Bipolar, entre os que houve 823 suicídios. A média anual ponderada permitiu estimar a taxa em 390 por cem mil.

Trezentos e noventa! Essa taxa é aproximadamente vinte e seis vezes mais alta do que a calculada sobre países com dados confiáveis. A diferença diminui se tomamos como comparação a taxa da população adulta ou, pelo menos, de quinze anos e mais.

A prevenção do suicídio não pode ignorar a forte associação deste comportamento com desordens psiquiátricas. Necessitamos de campanhas de conscientização em vários níveis – na população, entre professores, entre médicos, religiosos, e também entre psiquiatras, psicólogos e psicanalistas – entre outros.

 

 

GLÁUCIO SOARES              IESP-UERJ

O SUICÍDIO E AS DEPRESSÕES UNIPOLARES E BIPOLARES

Um estudo americano afirma que 90% dos suicídios são de pessoas com uma desordem psiquiátrica que pode ser, ou foi, diagnosticada. A relação é íntima.

Porém, há muitas desordens psiquiátricas, umas mais relacionadas com o suicídio do que outras.

Pacientes que sofrem de depressão unipolar severa (chamada na literatura americana de UP-MDD) as taxas padronizadas de suicídio são vinte vezes mais altas do que as da população. A literatura consultada enfatiza que as depressões variam muito de intensidade, fato muito relevante na análise do risco de suicídio porque as mais severas caracterizam um risco muito maior.

Quando realizamos uma necropsia psicológica de um suicida que sofria de depressão unipolar num país com boa assistência psiquiátrica e estatísticas confiáveis um indicador de severidade é se a vítima esteve internada ou não. Os pacientes que foram hospitalizados apresentaram taxas muito mais altas do que os pacientes tratados no consultório. Uma escola de pensamento afirma que a depressão atual é a variável mais frequentemente associada com o suicídio.

Não obstante, as desordens bipolares estão ainda mais associadas com o suicídio do que as unipolares.

Uma das pesquisas que consultei foi uma meta-análise de 28 pesquisas com 21.500 pacientes com Desordem Bipolar, entre os que houve 823 suicídios. A média anual ponderada permitiu estimar a taxa em 390 por cem mil.

Trezentos e noventa! Essa taxa é aproximadamente vinte e seis vezes mais alta do que a calculada sobre países com dados confiáveis. A diferença diminui se tomamos como comparação a taxa da população adulta ou, pelo menos, de quinze anos e mais.

A prevenção do suicídio não pode ignorar a forte associação deste comportamento com desordens psiquiátricas. Necessitamos de campanhas de conscientização em vários níveis – na população, entre professores, entre médicos, religiosos, e também entre psiquiatras, psicólogos e psicanalistas – entre outros.

 

 

GLÁUCIO SOARES              IESP-UERJ

A crise econômica e a explosão dos suicídios na Europa

Uma pesquisa sistemática, levada a cabo por Stuckler, McKee e Sanjay Basu, que foi publicada em Lancet, trata das consequências da crise econômica e  financeira na área da saúde: aumentaram os suicídios, aumentaram as tentativas de suicídio, aumentaram vários tipos de doença mental, sobretudo as depressões. Dois dos países mais duramente atingidos pela crise, a Grécia e a Irlanda, foram os que tiveram as maiores elevações nas taxas de suicídio. Os dados desses pesquisadores são mais moderados do que os publicados no jornal The Guardian, mas se referem ao período de 2007 a 2009. 
A Grécia tinha uma das mais baixas taxas de suicídio da Europa (há alguns anos, era de 2,8 por cem mil). A taxa continua entre as  mais baixas, mas teve um incremento considerável nos últimos anos. Por quê? Chama a atenção a coincidência entre o crescimento da taxa e o crescimento da crise econômico-financeira grega. Somente entre janeiro e maio de 2011, segundo Helena Smith, escrevendo no The Guardian, o aumento da taxa teria sido de 40% em comparação com o mesmo período em 2010.
A principal religião da Grécia é a ortodoxa, cuja rejeição do suicídio é radical: não admite um ritual religioso no caso de suicidas. Contudo, esse freio ao suicídio parece estar declinando: Nikos Tsafos, em Greek Default Watch, apresenta dados mostrando um declínio nos casamentos religiosos. O mesmo autor mostra um declínio nos casamentos e uma crise na família, outra barreira tradicional contra o suicídio. 

A crise também se reflete no número de chamadas a instituições de auxílio a possíveis suicidas: uma delas, chamada Klimaka, informa que aumentaram dez vezes. São chamadas tanto de homens quanto de mulheres e, em tempos de crise, o desemprego, o medo do desemprego e temas relacionados, passaram a ser os mais frequentes. A taxa grega de desemprego de 2011, 18%, é três vezes a do Brasil. O suicídio, com frequência, dá aviso e os consultórios de psicólogos, psicanalistas e psiquiatras estão lotados. Houve um aumento de 30% apenas em um ano nas consultas a psiquiatras e os problemas giram ao redor da ansiedade e da depressão causadas pelo medo cujo fundo é econômico e financeiro. Os afetados não são apenas os adultos: os serviços de atendimento a crianças estão lotados e os níveis de estresse infantil e juvenil das vítimas são altos. Esses menores de idade estão enfrentando problemas antes desconhecidos, como o de ver o pai, a mãe, ou outros familiares, presos por crimes de origem econômica. Ninguém se preparou para essa crise, muito menos as crianças e adolescentes. 
A Irlanda foi chamada de o Tigre Celta –  enquanto durou o boom econômico. O bust, a quebra, foi proporcional ao boom. A resposta à recessão econômica não se fez esperar: em um período curto, de 2007 a 2009, a taxa de suicídios aumentou 16%. É um aumento que não se observa em tempos normais. Essa onda veio no bojo do que os terapeutas chamaram de “depressão do tigre celta”. Explodiu o número de homens jovens e de idade média nos consultórios médicos e psiquiátricos, com falta de apetite, insônia, e outros sintomas associados à depressão. Em Cork, nada menos de quarenta por cento dos suicidas estavam desempregados, segundo Arensman, da National Suicide Research Foundation. Os que trabalhavam nas áreas mais sensíveis às flutuações econômicas, como a construção, foram os mais atingidos. Note-se que na Irlanda, assim como na Grécia, a religião da maioria da população ainda é cristã (católica) e condena radicalmente o suicídio. Não obstante, uma das consequências observáveis do boom econômico e do consumerismo foi o declínio da religiosidade. O “freio” religioso perdeu poder. A percentagem da população que confiava muito ou totalmente na Igreja declinou de 48% em 1991 a 28% em 2008, segundo Máire Nic Ghiolla Phádraig em artigo publicado em Research Update.   
O suicídio é “apenas” uma das consequências: há outras. O crime também aumentou muito, assim como a pauperização, observou-se um crescimento no número de mendigos e de sem-teto e muito mais. Os sem-teto, somente no centro de Atenas, atingem vinte mil. Os jovens foram particularmente afetados: no grupo de 25 a 40 anos, o desemprego atingiu 42%. Afinal, são cinco anos de recessão. A Grécia é exemplo de irresponsabilidade fiscal. Gastou, gastou e gastou, endividou-se muito além do prudente, e agora não tem como pagar o que deve. 
Há mais: alguns dos membros mais recentes da Comunidade Europeia, como a Hungria e a Lituânia, são países que, historicamente, têm altas taxas de suicídio, porém foram menos afetados – houve um aumento inferior a 1% nas taxas – os membros mais antigos, ao contrário, foram os mais atingidos, castigados por um aumento de quase 7%.
Não há duvida de que a crise econômica afetou o bem estar social e psicológico das populações na Europa. O suicídio é a sua dimensão mais radical, mas há muitas outras. A crise não se mede, apenas, em euros. 


GLÁUCIO ARY DILLON SOARES         IESP-UERJ


Publicado n’O GLOBO de 24/05/2012

A crise depressiva dos 30, 40, 50….

Uma pesquisa feita em 2008 com – pasmem! – dois milhões de pessoas em vários lugares deste planeta mostrou que a depressão dos “adultos” (nem jovens, nem velhos) é muito comum. Nos Estados Unidos, entre as mulheres o pior momento parece ser lá pelos quarenta; já entre os homens vem mais tarde: lá pelos cinquenta.

Por quê?

O que pode ser o pavio de uma depressão, o que pode provocar que ela se apresente, que exploda (estava em estado dormente, e, repentinamente, aparece)?

Estas são idades em que muito trabalho e muitas responsabilidades se acumulam: os filhos ficam mais problemáticos, pais e mães envelhecem e adoecem mais, o casamento por dar sinais de cansaço e o trabalho também. Tudo isso ao mesmo, tempo, às vezes, rompe a represa e libera a depressão.

O que recomenda a WebMD? Cuide de ti, também, não te esqueças de ti mesma ou mesmo. Enfrente esse acúmulo de maneira inteligente: exercite, garanta que terá tempo e condições para descansar e um sono reparador. Importantíssimo: não se isole, não fique sozinh@. Se a barra pesar mais do que podes aguentar, busque ajuda competente e não psicólogo de esquina.

Pensamos na vitamina B12 como uma ajuda maravilhosa para a memória, sobretudo a baseada na metilcobalamina. Porém, o complexo B12 tem outras virtudes! A falta de energia, a perda de memória e a depressão podem ser provocadas pela falta de B12, particularmente entre os idosos.  

O que “tem” B12? Peixe, carne, frango, queijo, ovos. Mas, entre os que passaram dos 50, uma suplementação ajuda mais porque seu corpo absorve a B12 melhor.

E quando o sexo vai para o brejo? Tudo piora. Os idosos produzem menos testosterona, um hormônio essencial para a vida sexual dos homens. Baixos níveis desse hormônio podem levar à falta de interesse no sexo, impotência e tudo isso está intimamente associado com a depressão.

O que fazer? Amor, sexo e romance devem ser reinventados de maneira compatível com a nova idade. Talvez as relações precisem de mais enredo, mais curtição, mais provocação. Há especialistas de verdade que pode ajudar (esqueça os conselhos ouvidos na sauna). A impotência frequentemente requer tratamento – e o tratamento funciona!

Há umas amigas íntimas da depressão que não são tão conhecidas. Uma delas são as disfunções da tiroide. Essas glândulas devem funcionar no normal, nem demais, nem de menos. Se são hiperativas, podem provocar fadiga, tremores e até palpitações no coração. Se são hipoativas, também pode aparecer a fadiga, o cansaço. Como há um componente genético nas disfunções da tiroide, fique de olho se algum parente apresenta esse problema. Para isso, não tem remédio caseiro. Consulte um especialista.

Um amigo diz que viver com dores crônicas deprime qualquer um. Há algum exagero, mas dor é dor. E a idade com frequência traz dores aqui e ali. Nas costas, artrite reumatoide, osteoartrite, dores no joelho, nas articulações e mais. Afirma o artigo na WebMD que quem sofre de dores crônicas triplica as chances de sofrer de depressão ou de uma desordem de ansiedade. É uma relação viciosa: a depressão dificulta os exercícios e os tratamentos que podem reduzir a dor.

No tratamento há surpresas: como sempre, exercícios. Porém, meditar e ouvir música ajudam. Para quem gosta, uma hora de música clássica por dia reduz a dor de tipo artrítico… e a depressão também. Se nada disso funcionar, o jeito é consultar um bom médico.

A saída de todos os filhos e filhas de casa pode parecer um alívio para alguns; não obstante, para a maioria, o alívio é temporário e logo vem o vazio, a síndrome “do ninho vazio”. Esse buraco na vida de pais e mães dedicados pode ser o estopim que explode a depressão.

É um momento de solidão. O melhor combate é fortalecer os lacos afetivos e interpessoais, dentro e fora da família. Pais e mães devem se redescobrir como marido e mulher. Primos, tios, sobrinhos, amigos e muitos mais podem mitigar a solidão do ninho vazio. É importante ocupar o tempo e os espaços. O pior é ficar em casa afundando na depressão, sozinho.

A depressão de adultos tem muitos outros estopins. Por enquanto tratamos dos mencionados acima.

 

GLÁUCIO SOARES                    IESP-UERJ 

Quanto custa a hegemonia militar?

Quanto custa a hegemonia militar?

Posted by soares7 em agosto 13, 2011

A hegemonia militar tem preço. Não sai barato. Os Estados Unidos gastaram, em 2010, 698 bilhões de dólares com os militares, a preços constantes de 2009.

Isso é muito ou pouco? O leitor pode responder a essa pergunta, de posse de alguns dados. Quem levanta, confere e organiza esses dados? Várias agências, mas talvez a mais confiável seja a SIPRI, localizada em Estocolmo. De acordo com o SIPRI, o segundo colocado nos gastos é a China, com 114 bilhões. Ou seja, menos de seis vezes. Mesmo assim, a China também gasta muito, em cifras absolutas: aproximadamente o dobro da França, o terceiro país mais gastador, exatamente o dobro do Reino Unido e mais do dobro da Rússia, outrora parte central da poderosa, ameaçadora e, comparativamente, pobre União Soviética.

Depois dos Estados Unidos, os dez países que mais gastam, em termos absolutos (sempre em dólares constantes de 2009), são a China, a França, o Reino Unido, a Rússia, o Japão, a Alemanha, a Itália, a Arábia Saudita, a Índia e…o nosso Brasil. Gastamos mais do que a Coréia do Sul, o Canadá, a Espanha…

Pois bem, esses dez países (inclusive a China), somados, representam 523 bilhões de dólares, menos do que os Estados Unidos. Gastam 75% do que os Estados Unidos gastam.

Como se paga a hegemonia militar? Todos os anos ela custa quase 5% do PIB. Noutros países desenvolvidos ela pesa menos: de 1% no Japão a 2,7% no Reino Unido.

Ela se paga, parcialmente, aumentando a dívida pública e, também parcialmente, reduzindo outros gastos, alguns considerados mais importantes. Mas isso tem custos.

Dia 5, o crédito do governo dos Estados Unidos baixou, pela primeira vez na história, de AAA para AA+. É um sistema usado pela Standard & Poor’s e a baixa não quer dizer que os Estados Unidos não pagarão suas dívidas. Em parte o problema é político, porque a rolagem, que era quase automática, só foi aprovada na última hora, numa jogada claramente política. Mas o problema existe.

A dívida pública não nasceu com Obama; ela aumentou nas guerras mundiais e foi gradualmente reduzida depois. Como percentagem do PIB, a dívida cresceu aceleradamente nas décadas de 80 e 90: triplicou entre 1980 e 1990. A Guerra Fria foi um das causas. Diminuiu quando ela terminou e voltou a crescer. Em 2008, a dívida pública tinha chegado a US $ 10, 3trilhões, ou dez vezes o nível de 1980. O crescimento da dívida fez com que um teto fosse aprovado, mas passou a ser mudado de acordo com as conveniências – todos os anos e sem problemas. Esse ano foi negociado e renegociado, com intenções que, para mim, são claramente eleitoreiras.

Há outros custos, no meu entender, muito maiores, medidos em anos de vida perdidos e em sofrimento.

O NIH é, de longe, a maior financiadora de pesquisas na área da saúde. Podemos ler no site do NIH: “o NIH investe… US $32,2 bilhões anualmente na pesquisa médica para o povo americano.” Menos de sete por cento do que gastam anualmente com as Forças Armadas.

Tomemos o câncer, o segundo maior assassino da população americana, como exemplo: nos Estados Unidos, o National Cancer Institute (NCI), parte dos National Institutes of Health and the Department of Health and Human Services coordena muitas pesquisas sobre o câncer e uma das instituições que, no setor público, financiam pesquisas sobre o câncer.

O NCI gasta pouco menos de cinco bilhões por ano com pesquisas sobre o câncer, ou 0,7% dos gastos militares. Isso significa que os gastos militares de um ano equivalem aos gastos com pesquisas sobre câncer do NCI durante 170 anos. O orçamento anual do NCI é da mesma ordem de grandeza da construção de um porta-aviões, o Ronald Reagan. Nos Estados Unidos, aproximadamente mil e quinhentas pessoas morrem de câncer todos os dias; por ano são perto de 570 mil pessoas – mais de meio milhão. Em toda a guerra do Iraque até o dia 18 de julho recente, morreram em combate 3.529 soldados americanos. O equivalente a pouco mais de dois dias do número de mortes de cancerosos nos Estados Unidos, onde uma em cada quatro pessoas deverá morrer de câncer.

Pesquisa e tratamento ajudam! Em 1975/77, de cada cem pessoas diagnosticadas com câncer, cinqüenta estavam vivas cinco anos mais tarde; mas entre os diagnosticados entre 1998 e 2005, 68% estavam vivos cinco anos depois. Um ganho de 13% em um quarto de século. Milhões de vidas. Quantos sobreviveriam se houvesse um corte de dez por cento nos gastos militares, e esses recursos (quase 70 bilhões de dólares anuais) fossem transferidos para a pesquisa, prevenção e tratamento do câncer? Afinal, estaríamos gastando quatorze vezes mais, todos os anos. O meu chute: em dez anos, vários cânceres estariam na categoria de doenças crônicas e muitos outros teriam uma cura bem mais fácil do que agora. Milhões de vidas americanas seriam salvas em uma década. É, ser potência custa caro! Em vidas humanas também.

GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ

Praticar esportes pelo computador ou TV combate a depressão


Já existe algo chamado esportes Wii… São praticados com o auxílio de um computador, usualmente em frente a uma tela grande de televisão. Solução, sim, para quem não tem tempo ou acha que não tem tempo para um exercício regular, “normal”.

A idade e o envelhecimento trazem conseqüências que podem ser negativas e pesadas para muitos de nós. São diferentes para homens e mulheres. As mulheres parecem ficar mais tristes (com mais freqüência) e suscetíveis a crises emocionais e os homens – mais do que as mulheres – ficam mais hostis, brigões, agressivos etc. etc. Não exatamente o que chamaríamos de boas companhias. Isso tudo estimula o isolamento e a depressão. Aliás, pior para os homens, que se isolam mais do que as mulheres, ficam mais “paradões” e entram em depressão. Só que muitos não são diagnosticados. No Brasil porque tratamento psiquiátrico é luxo; nos países ricos porque os médicos não a diagnosticam – os homens falam pouco dela. São vítimas do próprio machismo que define expressar emoções como algo feminóide. Afinal, é preciso ser fortão, machão, essas coisas.

Os sentimentos de tristeza e de falta de esperança e de projetos são muito perigosos. Em pesquisa feita em país desenvolvido, 70% dos idosos que se suicidaram estiveram num consultório médico no máximo um mês antes de se matarem. Na maioria dos casos, os médicos não sacaram que seus pacientes estavam deprimidos e não os trataram da depressão. Perderam a chance de evitar muitos suicídios.

Os esportes “Wii” permitem, pelo menos, que os idosos se exercitem, o que traz benefícios para o físico, para a saúde física e, através dela, para a saúde mental. Mas há outro benefício: alguns acabam praticando um esporte com alguém mais, seja a mulher, um dos filhos, para acompanhar um netinho, ou amigos, o que ajuda a quebrar o isolamento. O isolamento é companheiro da depressão e uma das variáveis associadas ao suicídio. Como o Wii já chegou à classe média brasileira, poderá evitar derrames, tristezas, doenças e suicídios.

Praticar esportes pelo computador ou TV combate a depressão

Já existe algo chamado esportes Wii… São praticados com o auxílio de um computador, usualmente em frente a uma tela grande de televisão. Solução, sim, para quem não tem tempo ou acha que não tem tempo para um exercício regular, “normal”.

A idade e o envelhecimento trazem conseqüências que podem ser negativas e pesadas para muitos de nós. São diferentes para homens e mulheres. As mulheres parecem ficar mais tristes (com mais freqüência) e suscetíveis a crises emocionais e os homens – mais do que as mulheres – ficam mais hostis, brigões, agressivos etc. etc. Não exatamente o que chamaríamos de boas companhias. Isso tudo estimula o isolamento e a depressão. Aliás, pior para os homens, que se isolam mais do que as mulheres, ficam mais “paradões” e entram em depressão. Só que muitos não são diagnosticados. No Brasil porque tratamento psiquiátrico é luxo; nos países ricos porque os médicos não a diagnosticam – os homens falam pouco dela. São vítimas do próprio machismo que define expressar emoções como algo feminóide. Afinal, é preciso ser fortão, machão, essas coisas.

Os sentimentos de tristeza e de falta de esperança e de projetos são muito perigosos. Em pesquisa feita em país desenvolvido, 70% dos idosos que se suicidaram estiveram num consultório médico no máximo um mês antes de se matarem. Na maioria dos casos, os médicos não sacaram que seus pacientes estavam deprimidos e não os trataram da depressão. Perderam a chance de evitar muitos suicídios.

Os esportes “Wii” permitem, pelo menos, que os idosos se exercitem, o que traz benefícios para o físico, para a saúde física e, através dela, para a saúde mental. Mas há outro benefício: alguns acabam praticando um esporte com alguém mais, seja a mulher, um dos filhos, para acompanhar um netinho, ou amigos, o que ajuda a quebrar o isolamento. O isolamento é companheiro da depressão e uma das variáveis associadas ao suicídio. Como o Wii já chegou à classe média brasileira, poderá evitar derrames, tristezas, doenças e suicídios.