O PSA sumiu: estamos salvos?


Um paciente é tratado com prostatectomia, a retirada integral da próstata. Rapidamente, o PSA desce a níveis não detectáveis. Cinco anos depois o PSA continua não detectável. O paciente está curado? Garantido?

Infelizmente, não. Deborah Ahove e outros pesquisadores estudaram 505 pacientes que passaram pela prostatectomia entre 1985 e 2000 que tiveram, pelo menos, cinco anos sem fracasso bioquímico (ou seja, PSA não detectável ou abaixo dos níveis considerados indicadores do fracasso). O fracasso bioquímico foi definido como um PSA ≥0,2ng/ml. A mediana do acompanhamento (metade mais, metade menos) foi de 10,7 anos. A amostra foi “purificada”: não se consideraram os pacientes que também fizeram radioterapia nem os que tinham tido um ou mais nódulos invadidos.

Além do fracasso bioquímico os pesquisadores estudaram as metástases distantes. Alguém teve metástase? Quanto tempo até tê-la?

A ausência do PSA durante cinco anos dá muitas vantagens, mas não garante a cura. Depois de dez anos, 12% tiveram a má notícia de que o PSA voltara. Mas não parou aí: aos treze anos, 18% tiveram que lidar com a realidade de que o câncer não havia sido curado. Se olharmos os dados, veremos que entre dez e treze anos depois, houve fracasso bioquímico em nada menos do que 5% dos casos. Ou seja, mesmo depois de dez anos, essa doença maldita não libera os pacientes.

O grupo tinha características favoráveis: o PSA antes da cirurgia era menor do que 10 ng/ml em 77% dos casos; 58% tinham um Gleason de 6 ou menos; 81% tinham margens cirúrgicas negativas. Dentro do triste que é descobrir esse câncer, era um grupo com um prognóstico favorável.

O que ajudava a prever se o PSA voltaria ou não nesse grupo com características favoráveis? O escore Gleason (de 7 para cima, particularmente de 8 a 10). 94% dos que tinham um escore seis continuavam livres do PSA, mas entre os que tinham um Gleason de sete a percentagem baixava para 84,5 e quase metade dos com Gleason de oito ou mais tiveram fracasso bioquímico (a volta do PSA).

O estágio do câncer também serviu como previsor: 90% dos com T2 continuavam livres; já entre os classificados como T3a, apenas 82% não tinham PSA detectável; finalmente, entre os T3b, somente 62% tinham essa perspectiva de estarem curados. O fato do PSA ter “furado” a cápsula da próstata e avançado do outro lado foi o único fator que se associava com a metástase distante – aumentava essa infeliz chance em cinco vezes e meia.

O que aprendemos?

  • Que ninguém está seguro, mesmo depois da prostatectomia e de cinco anos de sumiço do PSA;
  • Que há uma percentagem significativa dos cânceres que reaparecem depois de dez, treze e mais anos;
  • Que os indicadores usuais de risco também funcionam nesse grupo com a característica especial – e favorável – de que o PSA não reapareceu mesmo depois de cinco anos;
  • Que a extensão do câncer para fora da próstata é o fator que mais se associa com a metástase distante.

Não obstante, olhando esses dados de outra perspectiva, num grupo com características favoráveis, poucos morrem deste câncer. Considerando que o câncer, geralmente, é descoberto entre idosos e meio-idosos (eu inventei o termo meio-idoso para me defender….), a expectativa de vida sem o câncer já não é tão grande e a grande maioria acaba morrendo de outras causas.

Escrito por Gláucio Soares com base em

Ahove DA, Hoffman KE, Hu JC, Choueiri TK, D’Amico AV, Nguyen PL

Urology. 2010 Aug 13. Publicação adiantada pela internet.


 


 


 

Mais achados sobre a vigilância ativa em câncer de próstata de baixo risco

   Recebi da Dra. Sonia Ferraz de Andrade

 

Autor: Nick Mulcahy
Publicado em 06/18/2010
Os resultados de dois novos estudos em homens com baixo risco de câncer de próstata sob vigilância ativa devem dar alguma confiança aos médicos usando esse tipo de tratamento.
Os dois estudos, um publicado em um grande jornal e outro apresentado no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia em 2010, possuem distintos desenhos e resultados a serem medidos.
Contudo, nos dois casos, esses achados servem para clarear os riscos quando homens que tem um câncer de baixo risco deixam de ter um tratamento ativo.
O primeiro estudo é um estudo de coorte nacional baseado da população da Suécia que foi publicado online no Journal of the National Cancer Institute.
O estudo de observação comparou homens com câncer de risco baixo ou intermediário tratados com vigilância ativa ou espera atenta com homens que realizaram prostatectomia ou terapia de radiação.
Os investigadores suecos encontraram retrospectivamente que em homens com câncer de próstata localizado e de baixo risco (T1, escore de Gleason ≤6, e antígeno específico de próstata [PSA] <10 ng/mL), a mortalidade de câncer de próstata específica foi de 2,4% (95% intervalo de confiança, 1,2% – 4,1%) nos 1085 pacientes no grupo de vigilância e 0,7% (95% IC, 0,3% – 1,4%) nos 1601 pacientes no grupo de tratamento.
 À pesquisa “soma-se a crescente lista de estudos com base populacional e dados em resultados de longo prazo” para homens com doença localizada, notam Siu-Long Yao, e Grace Lu-Yao, em um editorial que acompanha o estudo.
 Dr. Yao é do Merck Research Laboratories em Kenilworth, New Jersey, e Dr. Lu-Yao é do from Cancer Institute de Nova Jersey na Universidade de Medicina de Nova Jersey em New Brunswick.
 “Provavelmente, o achado mais importante desse estudo e de vários outros  prévios, contudo, é  que a sobrevivência na maioria (e.g., Gleason ≤7), mas não em todos os casos (e.g., Gleason 8–10), em pacientes com doença localizada administrada conservadoramente é agora similar àquela dos pacientes controle cruzados por idade,” escrevem os editorialistas, fazendo referência a homens administrados com vigilância ativa comparados a homens com doença de baixo risco tratados com cirurgia ou radioterapia.
 Uma maior proporção de pacientes saudáveis foi designada para tratamento e por isso podem ter acontecido resultados piores no grupo de vigilância ativa, sugeriram os autores, liderados por Pär Stattin, do Hospital da Universiade Umeå na Suécia.
 “Pacientes com uma pequena expectativa de vida foram mais facilmente selecionados para vigilância dos que para cirurgia ou terapia de radiação,” eles escrevem.
 Apesar disto, tentativas de ajuste para isso nas analises estatísticas não produziram estimativas de risco que fossem “materialmente diferentes” de análises não ajustadas, relatam os autores.
 Os investigadores suecos concluíram que a estratégia de vigilância ativa “parece ser adequado para muitos desses homens,” ao se referir aqueles com doença de baixo risco.
 Contudo, o Dr. Stattin e colegas avisam que o seguimento médio no estudo foi de 8,2 anos e porque “a maioria dos pacientes atualmente diagnosticados com câncer de próstata localizado, tem idades entre  60 a 70 anos e uma expectativa de vida de mais de 15 anos, um seguimento maior faz-se necessário.”
 Outro estudo de homens com câncer de próstata de baixo risco foi apresentado na reunião da ASCO.
 O Estudo de Centro Único (Johns Hopkins em Baltimore, Maryland) comparou os resultados cirúrgicos de homens com câncer de baixo risco tratados com vigilância ativa que, eventualmente realizaram uma prostatectomia radical tardia como tratamento para sua doença, com os resultados cirúrgicos dos homens que realizaram a cirurgia imediatamente.  
 Nesse estudo, investigadores perguntaram se a vigilância ativa compromete as chances de cura em homens com câncer de próstata de baixo risco que escolhem essa estratégia inicialmente, mas eventualmente realizam a prostatectomia radical.
 A resposta depende das circunstâncias que levam homens a eventualmente realizar a cirurgia, explicou Bruce Trock, da Universidade Johns Hopkins de Medicina.
 Desde 1995, 772 homens entraram no programa de vigilância ativa do Johns Hopkins, que é a maior coorte nos Estados Unidos, disse o Dr. Trock.
 Ele explica que o programa tem um dos “critérios mais conservadores” entre as coortes. Para serem eleitos os homens devem ter um escore Gleason de 6 ou menos, 2 ou menos núcleos positivos, 50% ou menos envolvimento de qualquer núcleo com câncer, e PSA com densidade menor que 0,15.
 Os homens são submetidos a novas biópsias, anualmente, e qualquer aumento nos parâmetros supracitados suscita uma recomendação para tratamento.
 Em um seguimento médio de 2 anos, 116 (15%) homens realizaram a cirurgia tardia— 43 por causa de um  escore Gleason maior numa biópisa repetida, 48 em razão de alguma outra mudança na biópsia, e 25 por causa de razão pessoal em mudar.A patologia cirúrgica desses 116 pacientes foi comparada com os resultados cirúrgicos de 348 homens que realizaram a cirurgia imediatamente.
Os investigadores encontraram que os 116 homens que inicialmente administraram a doença com vigilância ativa e depois trocaram para cirurgia tinham maiores chances de serem diagnosticados com um tumor à distância (P = 0,009) e um tumor de alto grau (P = 0,0001) do que homens que realizaram a cirurgia imediatamente. 
Todavia, essas aparentes notícias ruins são facilmente explicáveis e isso é balanceada por outro achado do estudo, Dr. Trock reportou.
“Quando homens com doença de baixo risco realizam a cirurgia a qualquer tempo, nos descobrimos que historicamente 25% deles terá, na realidade, um tumor de grau maior ao encontrado na biópsia, “ ele disse.
 Isso ocorre porque uma “biópsia é o resultado da punção randômica de agulhas na próstata” ele disse, adicionando que a biópsia é realizada de acordo com um padrão que tem como intuito realizar a amostragem das regiões onde é mais provável encontrar um tumor.
“A porção da próstata em que é realizada a biópsia é uma porção muito pequena do órgão,” ele explica, adicionando que as biópsias em câncer de mama, por exemplo, são muito mais precisas pois são guiadas por lesões vistas em imagens ou palpáveis. 
Então os investigadores do Johns Hopkins realizaram uma análise adicional: eles excluíram 43 dos 116 homens que tiveram elevação nos escores de Gleason de 7 ou mais na biópsia de seguimento.
Eles encontraram que os 73 homens restantes tiveram “resultados patológicos cirúrgicos similares aos pacientes e prostatectomia imediata.”
Isso é uma ótima notícia sobre vigilância ativa, nota o Dr. Trock.
“Homens em vigilância ativa que continuam a mostrar um tumor de baixo grau segundo o escore de Gleason, possuem o mesmo risco de encontrar um tumor de alto grau quando aqueles que realizam a cirurgia imediatamente,” ele explicou.
Dr. Trock relatou que na coorte de 772 homens em vigilância ativa no Johns Hopkins, o risco de um tumor de alto grau ser encontrado na biópsia e seguimento ou em prostatectomia radical é de 4,5% por ano de seguimento.
Em razão do fato de ter ocorrido um seguimento médio de 2 anos entre homens que trocaram o tratamento para cirurgia, há um outro importante achado, afirma o Dr. Trock. “O risco de um tumor de alto grau não crescer com o tempo em que o indivíduo está no programa de vigilância ativa antes da cirurgia”.
O estudo sugere, disse o Dr. Trock, que “a maioria dos tumores de alto grau encontrados na cirurgia realizada em homens que estavam sob vigilância ativa estavam presentes no momento do diagnóstico, mas foram diagnosticados como menores pela biópsia e não progrediram de um tumor de menor grau em razão do atraso na realização da cirurgia.”
Contudo, o Dr. Trock notou que não está claro se ocorreu uma progressão da doença, e se ela ocorreu, em qual porcentagem dos homens. 
J Natl Cancer Inst. Published online June 18, 2010.American Society of Clinical Oncology (ASCO) 2010 Annual Meeting: Abstract 4506. Presented June 6, 2010.
Informação sobre o autor: Nick Mulcahy é jornalista senior da Medscape Hematology-Oncology.

Novo teste para saber qual a gravidade do câncer da próstata

Há muitos testes de câncer da próstata sendo desenvolvidos. Nos últimos anos, mais de cem foram ou estão sendo testados. Há muitos objetivos que queremos alcançar, como reduzir os falsos positivos (os testes sugerem cânceres que não existem) e os falsos negativos (os testes sugerem que não há câncer, mas há). Até as biópsias podem errar, usualmente na direção de falsos negativos: não encontram células cancerosas porque elas estão em outro lugar. Mas há outros objetivos, como saber qual o risco de metástases e qual o risco de morte.

Pesquisadores da UCSF desenvolveram um teste chamado CAPRA que ajuda a reduzir os erros nas previsões de metástases ósseas, mortalidade específica e mortalidade geral desde o momento em que o câncer foi diagnosticado. Do ponto de vista da escolha do tratamento esses são conhecimentos fundamentais.

A pesquisa foi com um número grande de pacientes, mais de dez mil e os resultados acabam de ser publicados no Journal of the National Cancer Institute. Inicialmente os pacientes estão sendo classificados em três categorias: risco alto, médio e baixo, mas essa classificação ainda rude deve ser refinada.

Os números mostram que é importantíssimo saber: afinal, são perto de 200 mil homens que serão diagnosticados com esse câncer somente nos Estados Unidos e mais de 27 mil devem morrer vitimados por ele. Ter informação precisa sobre o prognóstico ajudará muita gente. É importante saber que, nos Estados Unidos, apenas 5% dos pacientes já apresentam metástases no diagnóstico. Os demais enveredam por muitos tipos diferentes de tratamento que se beneficiariam dessas informações.

O que é o teste CAPRA?

Usa cinco fatores: idade no diagnóstico, o escore Gleason, o PSA, a percentagem das biópsias (agulhas) com resultados positivos, que mostram a existência de câncer e o estágio do tumor, elaborado com base no toque retal e/ou no ultrasom.

Usa, afinal das contas, informações que normalmente estão disponíveis. Em três pesquisas diferentes, o CAPRA previu o fracasso bioquímico e, agora, teve sucesso em prever quem morreria da doença e quem morreria em geral (de todas as causas). Acompanharam os dados de pacientes sendo tratados em 40 centros, desde 1995. Três por cento
desenvolveram metástases ósseas, 2,4% morreram do câncer da próstata e 14,9% morreram de outras causas. Olhem bem esses números. Ou seja, aproximadamente
uma de cada seis mortes foi devida ao câncer da próstata. O CAPRA previu com pouco erro esses resultados.

Por cada ponto no escore CAPRA o risco de morte pelo câncer aumenta 39% e dois pontos dobram o risco. Até agora o instrumento foi testado com êxito até dez anos depois do diagnóstico. Porém, apenas três pontos significa muita variância dentro de cada um deles. Os níveis mais altos e mais baixos de cada ponto são muito distantes.

Mesmo com essas limitações, é bom saber, para decidir melhor.

A morte de um amigo

A morte de um amigo
Escrito por Gláucio Soares em 1º de Janeiro de 2009

O ano de 2008 terminou com uma perda. Poucos pacientes não ouviram falar do escore Gleason. Muitos, inicialmente, não sabem o que significam aqueles dois números separados por um sinal de +. Os mais experimentados sabem que, quanto maiores os números, pior.
Eles são um sistema de classificação dos cânceres. Há, neste mesmo blog, muitas menções a esse sistema. Ele afeta o tratamento e o sentido de urgência. Com um escore Gleason baixo, é possível optar por um tratamento conservador – “ficar de olho”, mas não fazer nenhum tratamento mais pesado que probabilisticamente não seja necessário, evitando custos altos e danos colaterais.
Esse sistema foi “bolado” por Donald Gleason, um professor aposentado da Universidade de Minnesota. É usado mais de um milhão de vezes, todos os anos, mundo afora. É parte de um sistema que salva centenas de milhares de vidas todos os anos. Nós, pacientes, devemos muito a pessoas como Donald Gleason.
Gleason faleceu no fim de 2008, aos 88, de uma parada cardíaca. Eu peço, aos que tem fé, uma prece pela sua alma.

Substâncias extraídas da árvore de Magnolia podem ajudar na luta contra o câncer de próstata

É a vez da magnolia, que contem uma substância, chamada de honokiol, extraída da raiz e da crostra da árvore. É a conclusão a que chegaram pesquisadores da Universidade de Pittsburgh. Honokiol há muito tempo compõe o arsenal da medicina tradicional japonesa e chinesa. Tem propriedades anti-inflamatórias, anti-bacterianas e anti-alérgicas. Pelo visto, honokiol atua contra o câncer de muitas maneiras. Sobretudo, parece impedir as células cancerosas de se multiplicarem e metastizarem.

Há vários tipos de células de câncer de próstata, entre elas as chamadas de PC-3 e C4-2, que não dependem de hormônios masculinos para crescer. São muito perigosas. Há outro tipo de célula que depende, a LNCaP, que responde aos andrógenos.

Os camundongos foram alimentados com 1, 2 e 3 miligramas de honokiol oralmente, três vezes por semanas. As células PC-3 foram implantadas e os pesquisadores mediram o crescimento do tumor. Os tumores eram menores nos camundongos alimentados com 2 miligramas de honokiol do que no grupo controle, que não recebeu nada.

O honokiol parou o crescimento das células cancerosas em mais de uma maneira: reduziu a reprodução celular, conduziu a uma forma de morte programada das células que se chama apoptose, e parou a formação de novos vasos sanguíneos que alimentam os tumores. Finalmente, não houve efeitos colaterais dignos de nota.

E as células PC-3 e C4-2? O honokiol inibiu a multiplicação e aumentou a morte programada, a apoptose.

É mais uma esperança. O honokiol age de diversas maneiras e ataca o câncer de vários modos. Muitos dos produtos naturais que vimos nesse blog atuam apenas em uma direção. Pesquisas com outros tipos de câncer estão começando.

Fonte: Hahm ER, Arlotti JA, Marynowski SW, Singh SV. Honokiol, a constituent of oriental medicinal herb Magnolia officinalis, inhibits growth of PC-3 xenografts in vivo in association with apoptosis induction. Clin Cancer Res. 2008;14:1248-1257.

Sobrevivência: prostatectomia e outras terapias

O objetivo principal desta pesquisa foi comparar a sobrevivência de pessoas que optaram pela prostatectomia em comparação com as que optaram por outros tratamentos.
Pesquisaram 5.845 pacientes entre 65 e 74 anos diagnosticados em 1992 com câncer localizado ou regional e comorbidade (outras doenças) menor do que do que 2. O acompanhamento durou, na mediana, 11 anos (mediana: metade menos; metade igual ou mais). A sobrevivência geral (incluíndo todas as causas de morte) aos dez anos foi dos que fizeram prostatectomia, seguida dos que fizeram ((81.0%; 95% CI: 79.4-82.4%) igualmente radical mais radioterapia (67.6%; 62.0-72.5%). Vieram após os que fizeram radioterapia (60.5%; 58.3-62.6%), e a sobrevivência mais baixa foi a dos que não fizeram nada, watchful-waiting (50.7%; 47.5-53.8%).
Os resultados foram semelhantes no que concerne a mortalidade específica, por câncer da próstata. A relação se manteve controlando a idade, a raça, a região do país, o escore Gleason, a comorbidade, a renda domiciliar média, uso ou não da terapia hormonal e da quimioterapia. Por esse estudo, a prostatectomia compensa – a partir da sobrevivência, tanto geral, quanto específica. Não há considerações sobre a qualidade da vida.
O fato de que a prostatectomia mais radiação tenha dado resultados ligeiramente piores pode refletir o que chamam de selection bias, os pacientes que receberam outro tratamento simultâneo ou próximo são pacientes que os médicos consideram com um câncer mais grave, mais agressivo, ainda que o Gleason fosse mantido constante estatisticamente.

Fonte: J Surg Oncol. 2008 Mar 31.

O Escore Gleason – foto e explicação

O Escore Gleason é um componente importante para o diagnóstico, tratamento e prognóstico do câncer de próstata. As células cancerosas perdem funções, ficam mais e mais desorganizadas e se concentram na sua reprodução. Por isso os cânceres crescem mais rápido do que as células normais. Essa característica é usada por vários tipos de quimioterapia que afeta mais as células que crescem mais rapidamente (entre elas as cancerosas, as que compõem o cabelo etc.) do que as normais, saudáveis.
O Escore Gleason é composto por cinco valores. No gráfico acima vemos os cortes que separam um valor de outro. O valor mais freqüente numa amostra é o que vem primeiro (no caso do exame direto, pós-cirúrgico, da minha próstata: 4+3, o quatro é o mais freqüente); seguido pelo que vem depois (no meu caso, 3). A soma, sete, é o Gleason final. Quando um mesmo tipo de célula é muito dominante, o valor se repete (por exemplo: 3+3, um valor freqüente nas biópsias).
Os escores produzem resultados diferentes. Escores de 8 ou mais são muito agressivos e sugerem tratamento agressivo e imediato. O escore 7 é uma terra de ninguém. O 6 é muito comum.
Os escores mais baixos são considerados menos agressivos e os prognósticos são melhores do que o permitido pelos escores mais altos.

Tecnicamente, alguns estudiosos afirmam que:

o que vem primeiro é mais importante. 4+3 não seria a mesma coisa que 3+4, o que faz sentido histologicamente, ainda que não aritmeticamente. 4+3 é pior do que 3+4.
• o terceiro valor mais freqüente, usado rarissimamente, ajuda o diagnóstico, a terapia e o prognóstico.

O Escore Gleason é um dos elementos mais importantes para o câncer de próstata. Os pacientes que querem reter algum controle sobre seus destinos e vidas devem ser bem informados e ler o máximo (de fontes autorizadas, como a PubMed) sobre seus cânceres, inclusive sobre os Escores Gleason.

Avastin sendo testado

Avastin é uma droga que está sendo testada em homens com câncer avançado e metastizado. Metade, aleatoriamente, receberá quimio (docetaxel e prednisone) e a outra metade o Avastin (bevacizumab), que é um anticorpo monoclonal. O mecanismo desse remédio é impedir o crescimento de novos canais sanguíneos que alimentam o câncer, impedindo-o de crescer e, em alguns casos, provocando a morte das células cancerosas.

Está na chamada Phase III, com um número grande de pacientes e não mais in vitro ou in vivo.

Escore Gleason e sobrevivência

Albertsen e associados mostram que o escore Gleason é um poderoso preditor de sobrevivência vinte anos depois do diagnóstico1]: entre os com Gleason muito baixo (2 a 4), 11% morreram de câncer de próstata – sem tratamento; entre os com escore 5, a percentagem aumentou para 17%, com 6 ficou em 83%, 7 ficou em 63% e 8 a 10 em 54%. O que diferencia este estudo de muitos outros é que o resultado não é linear. A linearidade é a norma dos estudos: tanto maior o Gleason, maior o risco de morte sem tratamento Porém, muitos estudos mostram resultados diferentes, com percentagem mais alta de mortes nos escores maiores. L. Egevad, T. Granfors, L. Karlberg, A. Bergh e P. Stattin analisaram 305 pacientes. A sobrevivência média da doença era de 20 anos para escores 4-5, 16 anos para 6, 10 anos para 7 e 5 anos para 8-10. Faz diferença se o sete é 3=4 ou 4+3: 13 anos vs 9. Isso sem tratamento.

As opções, claro, variam com a idade do paciente. Os ganhos na sobrevivência devem ser avaliados contra as perdas na qualidade de vida provocadas por cada tratamento. Essa é uma decisão do paciente, que precisa estar plenamente informado.


[1] Albertsen PC, Hanley JA, Fine J. 20-year outcomes following conservative management of clinically localized prostate cancer. JAMA, 2005;293:2095–101.

Para mais informações sobre estágios e o escore Gleason, clique nos links abaixo:
Estágios do câncer de próstata
Mais sobre o Escore Gleason
Escore Gleason e sobrevivência
<a
O Escore Gleason
<a
Cuidado com a patologia
Remetendo ao Escore Gleason (Gleason score)

Sobrevivência com braquiterapia e tratamento hormonal

É uma notícia boa que 12 anos depois da implantação de sementes radioativas uma percentagem muito alta dos pacientes não tenha sucumbido ao câncer de próstata. Foram estudados 1,449 pacientes tratados ciom braquiterapia permanente entre 1992 e 2000. A mediana da idade era 68 anos e o PSA 10.1, 55% tinham um escore Gleason de 6 e 28% um Gleason de 7.
O que aconteceu com eles?
Depois de 12 anos 89% dos pacientes de mais baixo risco não tinham a “volta” do PSA, 78% dos de risco médio e 63% dos de alto risco. A “volta”, para quem não fez cirurgia, foi definida como a elevação do PSA 3 vezes consecutivas.