Mastectomia profilática em mulheres com mutações do gene BRCA o reduz risco de câncer de mama para menos de 1%

Pesquisadores holandeses revelaram no 6th European Breast Cancer Conference, em Berlim, na Alemanha, que mulheres com mutações do gene BRCA apresentam 85% de risco de desenvolver câncer de mama, mas uma mastectomia profilática reduz o risco para menos de 1%.
Dra. Reinie Kaas, do departamento cirúrgico do Netherlands Cancer Institute, em Amsterdam, relatou uma série de 251 mulheres que foram submetidas à mastectomia uni ou bilateral após uma ou mais reavaliações. O procedimento padrão foi a mastectomia com preservação de pele associada à reconstrução imediata com prótese. Cerca de 2/3 dessas mulheres apresentaram a mutação do gene BRCA1 (n=179) e o restante, a mutação do gene BRCA2 (n=72).
Somente uma das 251 portadoras (0,4%) desenvolveu câncer de mama, devido a uma ressecção incompleta, dois anos após a mastectomia profilática. Essa paciente estava livre da doença seis anos após tratamento.
Contudo, a decisão de retirar mamas sadias deve ser feita unicamente pela mulher, enfatiza Dra. Kaas, o serviço de saúde não deve pressioná-la. Aproximadamente 50% das mulheres que possuem a mutação do gene BRCA tomam essa decisão. A alternativa acontece no acompanhamento usual, que envolve auto-exame mensal da mama, exame clínico realizado por um médico duas vezes por ano e mamograma anual + ressonância magnética.
O custo desse rastreamento intensivo é substancial. Dra. Yvonne Kamm, médica oncologista do Radboud University Nijmegen Medical Center, afirma que parte dessa despesa se deve ao uso de imagens por ressonância magnética. “A ressonância magnética é por si só dispendiosa, mas útil porque detecta tumores pequenos que poderiam não ser detectados de outra maneira.
Em uma apresentação de pôster, Dra. Kamm e colaboradores mostraram os resultados de 196 mulheres com mutações do gene BRCA que foram diagnosticadas entre 1999 e 2005. Essas mulheres foram avaliadas por um período médio de dois anos e, no total, foram submetidas a 1.149 exames de mama (dos quais 2% era anormal), 494 mamogramas (9% anormal) e 436 imagens por ressonância magnética (14% anormal). Quando qualquer anormalidade era encontrada, novas investigações eram realizadas, o que levou a 32 exames de mama, 17 mamogramas, 64 imagens por ressonância, 114 exames por ultra-som e 48 biópsias.
Durante o período de seis anos, 13 cânceres foram encontrados, 11 dos quais eram invasivos e dois eram carcinomas ductais in situ. “O custo total para encontrar um câncer de mama foi alto — 13,168 euros”, declarou Dra. Kamm.
6ª Conferência Européia de Câncer de Mama (EBCC): Abstracts 18 e 109. Apresentado em 16 de abril de 2008