Trombose profunda: tenho que viajar. E agora?

O que é a Deep Vein Thrombosis (DVT)? É para ficar preocupad@?

É um coágulo sanguíneo em uma veia profunda, usualmente na perna. O perigo deriva do risco do coágulo se soltar e viajar pelo sistema sanguíneo. Pode impedir o fluxo de sangue para os pulmões, o que configura a embolia pulmonar. É ameaça à vida e tem que ser tratada.

As viagens longas aumentam o risco de DVT.  

Por quê?

Sentar durante quatro horas ou mais reduz a circulação nas pernas o que, por sua vez, aumenta o risco de formar coágulos.

E você tem que fazer uma viagem…

O que fazer?

Repito as instruções que recebo:

Levante e caminhe um pouco cada hora ou, se possível, cada meia hora. Se estiver viajando de carro, pare num lugar seguro, ande um pouco e alongue um pouco;

Quando estiver sentado, levante e abaixe os dedos do pé, deixando o calcanhar no chão. Faça a mesma coisa com o calcanhar, deixando os dedos no chão. Fique alavancando os pés para cima e para baixo e para os lados. Faça isso várias vezes cada vinte minutos. Dá para fazer numa cadeira de avião. Também dá para esticar as pernas, trabalhando-as;

Beba muitos líquidos, mas não alcoólicos nem cafeinados.

Use roupas soltas e  não roupas apertadas na cintura ou nas pernas;

O seu estilo de vida altera o risco de trombose.

Se você se exercitar de maneira regular, o risco diminui. Nadar, andar, andar de bicicleta (inclusive ergométrica) são boas dicas. Se der, faça um pouco todos os dias. Meia hora já ajuda muito;

Meu Deus, pare de fumar. Só faz mal e faz muito mal;

Verifique a sua pressão com regularidade. Fale com seu cardiologista, seu clínico geral para ver como tirar a pressão de maneira regular, informando-o;

Se você já tem problema de pressão alta, histórico pessoal ou familiar de problemas nessas áreas, o médico talvez recomende um anti-coagulante ou meias de compressão. Eu que tive problemas sérios nessa área, tomo esses remédios regularmente (acompanhado pelo cardiologista) e uso meias de compressão quando viajo por algum tempo.

 

É isso. Lembre-se que a pessoa mais importante para manter uma vida saudável é você.

 

 

GLÁUCIO SOARES                IESP-UERJ  

Trombose profunda: tenho que viajar. E agora?

O que é a Deep Vein Thrombosis (DVT)? É para ficar preocupad@?

É um coágulo sanguíneo em uma veia profunda, usualmente na perna. O perigo deriva do risco do coágulo se soltar e viajar pelo sistema sanguíneo. Pode impedir o fluxo de sangue para os pulmões, o que configura a embolia pulmonar. É ameaça à vida e tem que ser tratada.

As viagens longas aumentam o risco de DVT.  

Por quê?

Sentar durante quatro horas ou mais reduz a circulação nas pernas o que, por sua vez, aumenta o risco de formar coágulos.

E você tem que fazer uma viagem…

O que fazer?

Repito as instruções que recebo:

Levante e caminhe um pouco cada hora ou, se possível, cada meia hora. Se estiver viajando de carro, pare num lugar seguro, ande um pouco e alongue um pouco;

Quando estiver sentado, levante e abaixe os dedos do pé, deixando o calcanhar no chão. Faça a mesma coisa com o calcanhar, deixando os dedos no chão. Fique alavancando os pés para cima e para baixo e para os lados. Faça isso várias vezes cada vinte minutos. Dá para fazer numa cadeira de avião. Também dá para esticar as pernas, trabalhando-as;

Beba muitos líquidos, mas não alcoólicos nem cafeinados.

Use roupas soltas e  não roupas apertadas na cintura ou nas pernas;

O seu estilo de vida altera o risco de trombose.

Se você se exercitar de maneira regular, o risco diminui. Nadar, andar, andar de bicicleta (inclusive ergométrica) são boas dicas. Se der, faça um pouco todos os dias. Meia hora já ajuda muito;

Meu Deus, pare de fumar. Só faz mal e faz muito mal;

Verifique a sua pressão com regularidade. Fale com seu cardiologista, seu clínico geral para ver como tirar a pressão de maneira regular, informando-o;

Se você já tem problema de pressão alta, histórico pessoal ou familiar de problemas nessas áreas, o médico talvez recomende um anti-coagulante ou meias de compressão. Eu que tive problemas sérios nessa área, tomo esses remédios regularmente (acompanhado pelo cardiologista) e uso meias de compressão quando viajo por algum tempo.

 

É isso. Lembre-se que a pessoa mais importante para manter uma vida saudável é você.

 

 

GLÁUCIO SOARES                IESP-UERJ  

Você pode lutar contra o câncer da próstata

Na luta contra o câncer da próstata é comum termos uma sensação de impotência, de que não há nada que possamos fazer.

Mas há. A Síndrome Metabólica depende de nós. São conhecidos fatores de risco que aumentam o risco de derrames, de doença coronária, de diabetes (tipo 2). Quando alguns desses fatores ocorrem juntos, temos a Síndrome Metabólica, SM. 

Infelizmente, a SM é cada vez mais comum em muitos, muitos países, inclusive no Brasil. Pode ter uma ou muitas causas, mas todas estão vinculadas à obesidade, algo que o paciente pode controlar. Nem sempre é fácil, particularmente quando os medicamentos que o paciente toma produzem fadiga. A escolha, infelizmente, é obrigatória: ou se exercita, “contra viento y marea”, e controla o peso, ou o risco de vários fatores negativos vinculados ao câncer aumenta.

E quais são os fatores de risco para a própria Síndrome Metabólica?

Ter excesso de peso, cuja distribuição conta: peso na barriga, de maneira que seu corpo tem forma de pera, é o pior indicador.

O segundo fator mais importante é a resistência à insulina, que controla quanto açúcar temos no corpo. Se ela não funciona bem, aumenta o açúcar no sangue e a gordura no corpo.

A idade se relaciona com a Síndrome Metabólica. Quanto mais velhos, menos exercício, as vezes maior desleixo na dieta e na atividade física.

A falta de exercício por si só é um fator de risco para a SM. Algumas mudanças hormonais, sejam decorrência da idade ou do tratamento hormonal, conspiram para aumentar a SM e há fatores genéticos jogando um importante papel.

Há dois problemas que podem caracterizar a Síndrome Metabólica ou torna-la mais grave: uma coagulação excessiva e níveis altos de substâncias que indicam inflamação no seu corpo.

Tenho ou não tenho SM?

Os médicos americanos, acostumados a trabalhar com indicadores e escalas, definem a SM a partir de sinalizadores. Três ou mais sinalizadores indicam SM:

  1. 1. Pressão sanguínea igual ou maior do que 130/85 mmHg;
  2. 2. Açúcar (glucose) no sangue. Quando em jejum, não deve chegar a 100 mg/dL;
  3. 3. A barriga, medida como se usássemos um cinto, não deve chegar a 40 polegadas, ou 101,6 centímetros, no caso de homens, ou 35 polegadas, o mesmo que 88,9 centímetros, no caso de mulheres. Se chegar, conta ponto para a SM;
  4. 4. Se os triglicerídeos chegarem a 150 mg/dL, também conta ponto;
  5. 5. O “bom” colesterol (HDL) não deve ser baixo: se for abaixo de 40 mg/dL para homens u 50 mg/dL para mulheres, também conta ponto.

 

Tres ou mais desses indicadores definem você como tendo a Síndrome Metabólica. Esses indicadores se correlacionam, mas não tanto. Há pressão alta sem barriga e vice-versa; há glucose alta sem HDL baixo e assim por diante.

Por que escrevi este post?

Por duas razões: entre os pacientes de câncer da próstata, a SM faz muita diferença. Tomemos uma dos principais indicadores da virulência do câncer: o escore Gleason. A razão de risco entre os pacientes que tinham SM e os que não tinham era de 1,44 (os caracterizados como tendo SM tinham Gleason mais alto); essa  mesma razão no caso de canceres avançados era de 1,37 e no que concerne a “volta” do PSA, chamado também de fracasso bioquímico, a razão de risco era de 2,06 – mais do que dobrava o risco de ver que o câncer não fora curado. Outros parâmetros que medem a agressividade ou o avanço do câncer variam com a SM.

A segunda razão é que está dentro no nosso alcance controlar esses fatores, ficar abaixo da Síndrome Metabólica. Acreditem, eu sei como é difícil fazer isso, particularmente quando fazemos tratamento (anti)hormonal. Porém, é possível. Exige, sim, muito esforço e dedicação, mas é uma das poucas coisas sobre as quais podemos ter controle físico. As entravas são psicológicas e culturais.

É possível combater a besta. Só depende de nós.

Leia mais:

Xiang YZ, Xiong H, Cui ZL, Jiang SB, Xia QH, Zhao Y, Li GB, Jin XB., em J Exp Clin Cancer Res. 2013 Feb 13;32(1):9.

 

GLÁUCIO SOARES                    IESP-UERJ

Você pode lutar contra o câncer da próstata

Na luta contra o câncer da próstata é comum termos uma sensação de impotência, de que não há nada que possamos fazer como indivíduos. Seríamos expectadores de um embate entre médicos, medicamentos, hospitais, testes e câncer.

Mas há. A Síndrome Metabólica depende de nós. São conhecidos fatores de risco que aumentam o risco de derrames, de doença coronária, de diabetes (tipo 2). Quando esses fatores ocorrem juntos, temos a Síndrome Metabólica, SM. 

Infelizmente, é cada vez mais comum em muitos, muitos países, inclusive no Brasil. Pode ter uma ou muitas causas, mas todas estão vinculadas à obesidade, algo que o paciente pode controlar. Nem sempre é fácil, particularmente quando os medicamentos que o paciente toma produzem fadiga. A escolha, infelizmente, é obrigatória: ou se exercita, “contra viento y marea”, e controla o peso ou o risco de vários fatores vinculados ao câncer aumenta.

E quais são os fatores de risco para a própria Síndrome Metabólica?

Ter excesso de peso, cuja distribuição conta: peso na barriga, de maneira que seu corpo tem forma de pera, é o pior indicador.

O segundo fator mais importante é a resistência à insulina, que controla quanto açúcar temos no corpo. Se ela não funciona bem, aumenta o açúcar no sangue e a gordura no corpo.

A idade se relaciona com a Síndrome Metabólica. Quanto mais velhos, menos exercício, as vezes maior desleixo na dieta e na atividade física.

A falta de exercício por si só é um fator de risco para a SM. Algumas mudanças hormonais, sejam decorrência da idade ou do tratamento hormonal, conspiram para aumentar a SM e há fatores genéticos jogando um importante papel.

Há dois problemas que podem caracterizar a Síndrome Metabólica ou torna-la mais grave: uma coagulação excessiva e níveis altos de substâncias que indicam inflamação no seu corpo.

Tenho ou não tenho SM?

Os médicos americanos, acostumados a trabalhar com indicadores e escalas, definem a SM a partir de sinalizadores. Três ou mais sinalizadores indicam SM:

1. Pressão sanguínea igual ou maior do que 130/85 mmHg;

2. Açúcar (glucose) no sangue. Quando em jejum, não deve chegar a 100 mg/dL;

3. A barriga, medida como se usássemos um cinto, não deve chegar a 40 polegadas, ou 101,6 centímetros, no caso de homens, ou 35 polegadas, o mesmo que 88,9 centímetros, no caso de mulheres. Se chegar, conta ponto para a SM;

4. Se os triglicerídeos chegarem a 150 mg/dL, também conta ponto;

5. O “bom” colesterol (HDL) não deve ser baixo: se for abaixo de 40 mg/dL para homens u 50 mg/dL para mulheres, também conta ponto.

 

Três ou mais desses indicadores definem você como tendo a Síndrome Metabólica. Esses indicadores se correlacionam, mas não tanto. Há pressão alta sem barriga e vice-versa; há glucose alta sem HDL baixo e assim por diante.

Por que escrevi este post?

Por duas razões: entre os pacientes de câncer da próstata, a SM faz muita diferença. Tomemos uma dos principais indicadores da virulência do câncer: o escore Gleason. A razão de risco entre os pacientes que tinham SM e os que não tinham era de 1,44 (os caracterizados como tendo SM tinham Gleason mais alto); essa  mesma razão no caso de canceres avançados era de 1,37 e no que concerne a “volta” do PSA, chamado também de fracasso bioquímico, a razão de risco era de 2,06 – mais do que dobrava o risco de ver que o câncer não fora curado. Outros parâmetros que medem a agressividade ou o avanço do câncer variam com a SM.

A segunda razão é que está dentro no nosso alcance controlar esses fatores, ficar abaixo da Síndrome Metabólica. Acreditem, eu sei como é difícil fazer isso, particularmente quando fazemos tratamento (anti)hormonal. Porém, é possível. Exige, sim, muito esforço e dedicação, mas é uma das poucas coisas sobre as quais podemos ter controle físico. As entravas são psicológicas e culturais.

É possível combater a besta. Só depende de nós.

Leia mais:

Xiang YZ, Xiong H, Cui ZL, Jiang SB, Xia QH, Zhao Y, Li GB, Jin XB., em J Exp Clin Cancer Res. 2013 Feb 13;32(1):9.

 

GLÁUCIO SOARES                    IESP-UERJ

O TRATAMENTO HORMONAL E OS PROBLEMAS CARDIOVASCULARES

Várias pesquisas demonstraram que os tratamentos (anti)hormonais existentes aumentam o risco de doenças cardiovasculares, inclusive de morte.

Na Itália, pesquisadores belgas e alemães compararam as taxas de morbidade e de mortalidade cardiovascular entre pacientes que tomavam Firmagon ou Degarelix, dois medicamentos que alteram os hormônios, com outros medicamentos anti-hormonais que operam a partir de processos diferentes. Os medicamentos (anti)hormonais chamados de “luteinising hormone-releasing hormone agonists”, como o que eu uso, são eficientes, mas acarretam riscos cardiovasculares.

A comparação produz resultados claros: Firmagon e Degarelix apresentam um risco 50% menor de derrames e/ou ataques cardíacos, num estudo de mais de dois mil e trezentos pacientes de países diferentes.

Pacientes medicados com Firmagon também apresentaram uma sobrevivência maior, menos fraturas e menos doenças urinárias.

Porém, esses pacientes já sofriam de problemas cardiovasculares. Entre eles, a escolha de Firmagon ou Degarelix ganha peso.

Lembro que há vários tratamentos e muitos medicamentos disponíveis: cada um com vantagens e desvantagens em relação aos demais. Há uma preocupação que nós, pacientes, podemos compreender com o combate ao câncer da próstata mas não podemos deixar de considerar que há outras doenças e outras causas de morte que devem ser levadas em consideração nessa escolha. A escolha tão pouco pode ignorar as características do pacientes. Pacientes que já trazem problemas cardíacos teriam mais razões para considerar Farmagon do que pacientes sem esse tipo de morbidade.  

Saiba mais:

 

 http://www.upi.com/Health_News/2013/03/16/Less-risky-prostate-cancer-therapy-offered/UPI-12311363486792/#ixzz2NstXB8pm

 

GLÁUCIO SOARES      IESP/UERJ

O TRATAMENTO HORMONAL E OS PROBLEMAS CARDIOVASCULARES

Várias pesquisas demonstraram que os tratamentos (anti)hormonais existentes aumentam o risco de doenças cardiovasculares, inclusive de morte.

Na Itália, pesquisadores belgas e alemães compararam as taxas de morbidade e de mortalidade cardiovascular entre pacientes que tomavam Firmagon ou Degarelix, dois medicamentos que alteram os hormônios, com outros medicamentos anti-hormonais que operam a partir de processos diferentes. Os medicamentos (anti)hormonais chamados de “luteinising hormone-releasing hormone agonists”, como o que eu uso, são eficientes, mas acarretam riscos cardiovasculares.

A comparação produz resultados claros: Firmagon e Degarelix apresentam um risco 50% menor de derrames e/ou ataques cardíacos, num estudo de mais de dois mil e trezentos pacientes de países diferentes.

Pacientes medicados com Firmagon também apresentaram uma sobrevivência maior, menos fraturas e menos doenças urinárias.

Porém, esses pacientes já sofriam de problemas cardiovasculares. Entre eles, a escolha de Firmagon ou Degarelix ganha peso.

Lembro que há vários tratamentos e muitos medicamentos disponíveis: cada um com vantagens e desvantagens em relação aos demais. Há uma preocupação que nós, pacientes, podemos compreender com o combate ao câncer da próstata mas não podemos deixar de considerar que há outras doenças e outras causas de morte que devem ser levadas em consideração nessa escolha. A escolha tão pouco pode ignorar as características do pacientes. Pacientes que já trazem problemas cardíacos teriam mais razões para considerar Farmagon do que pacientes sem esse tipo de morbidade.  

Saiba mais:

 

 http://www.upi.com/Health_News/2013/03/16/Less-risky-prostate-cancer-therapy-offered/UPI-12311363486792/#ixzz2NstXB8pm

 

GLÁUCIO SOARES      IESP/UERJ

A margem de erro dos testes e exames

Há um interessante vídeo de um dos pesquisadores do Hospital Sloan Kettering que relata um experimento. Fizeram tomografia computarizada com um grupo de pacientes. Cada paciente era escaneado e logo depois era escaneado uma segunda vez.  Os resultados muitas vezes não eram iguais. O Dr. Kris defende a idéia de que os testes apresentam uma certa variabilidade e que, exemplificando, uma lesão pulmonar foi de 60 milímetros para 62 não significa que o câncer avançou nem que o tratamento falhou. Está dentro da margem de variabilidade. O problema, comenta o autor, é que muitas decisões são tomadas com base em mudanças que estão dentro dessa margem. Para os interessados que lêem Inglês, ver

 

http://www.medscape.com/viewarticle/749622

 

GLÁUCIO SOARES       IESP/UERJ

A margem de erro dos testes e exames

Há um interessante vídeo de um dos pesquisadores do Hospital Sloan Kettering que relata um experimento. Fizeram tomografia computarizada com um grupo de pacientes. Cada paciente era escaneado e logo depois era escaneado uma segunda vez.  Os resultados muitas vezes não eram iguais. O Dr. Kris defende a idéia de que os testes apresentam uma certa variabilidade e que, exemplificando, uma lesão pulmonar foi de 60 milímetros para 62 não significa que o câncer avançou nem que o tratamento falhou. Está dentro da margem de variabilidade. O problema, comenta o autor, é que muitas decisões são tomadas com base em mudanças que estão dentro dessa margem. Para os interessados que lêem Inglês, ver

 

http://www.medscape.com/viewarticle/749622

 

GLÁUCIO SOARES       IESP/UERJ

APARECEU OUTRO ANTI-COAGULANTE!

Há décadas que o padrão dos medicamentos usados para controlar a coagulação é a warfarina. A warfarina tem vários genéricos, inclusive um popular chamado Marevan. Não é caro. Quando um medicamento ou tratamento funciona bem e é usado por muito tempo, ele se transforma em padrão, em Inglês chamado até de padrão-ouro, gold standard. O Marevan tinha a virtude de ser relativamente barato e o grande problema de ter dezenas de interações, inclusive com alimentos. Por essas razões, medicamentos novos, candidatos a serem vendidos, teriam que superar a warfarina em alguma coisa.

O anticoagulante baseado no apixaban, desenvolvido pela Eliquis, provou ser eficiente. O medicamento foi pensado para um tipo de doenças cardiovasculares, as fibrilações atriais não valvulares. Nesse tipo de paciente reduz o risco de derrame e de embolias sistêmicas que, frequentemente são fatais ou incapacitantes.

A aprovação pela exigentíssima FDA nos Estados Unidos foi precedida por aprovações de órgãos semelhantes na Europa, no Canadá e no Japão.  

A aprovação não é fácil. Mais de 18 mil pacientes participaram de uma pesquisa Fase III na que ficou demonstrado que os que tomavam apixaban tinham menos derrames do que os que tomavam warfarina. Porém, o medicamento apixaban não demonstrou ser superior a outro, baseado na enoxaparina (vendido nos Estados Unidos como Lovenox).   

Há uma preocupação com as hemorragias: não sabem (ou ainda não sabem) como tratar as provocadas pelo apixaban. Pacientes com válvulas (próteses) no coração não devem usar esse medicamento.

Creio que esse medicamento vai rachar o grupo de pacientes no meio: a warfarina tem dezenas de interações, que se traduzem num “não pode isso, não pode aquilo”. Lista grande, mas é barata e muito bem conhecida. O apixaban tem menos interações, mas é mais caro e os pacientes devem acompanhar bem as perigosas hemorragias. Fale com seu cardiólogo.  

 

GLÁUCIO SOARES    IESP/UERJ