Volta da vitamina E


As pesquisas sobre os efeitos do selênio e da vitamina E sobre o câncer da próstata tem mudado muito. Pesquisas do tipo Fase I e II mostravam que as deficiências do selênio estavam associadas com maior risco de desenvolver o câncer da próstata; evidências menos fortes mostravam o mesmo em relação com a vitamina E. Muitos médicos recomendavam dieta e suplementos e muitos seguiam esse conselho. A pesquisa SELECT mudou radicalmente esse conselho. Baseada em questionário, com um número grande de entrevistados, a relação desapareceu. Pior, houve resultados marginalmente negativos.

Nova pesquisa, realizada por diferentes departamentos da Johns Hopkins, sob a responsabilidade principal de Kathy Helzlsouer, recolocou o problema numa perspectiva mais complexa.

O artigo abre de maneira clara: “Selenium e α-tocoferol a principal forma da vitamina E nos suplementos (pílulas etc., como diferente de alimentos) parecem ter um efeito que protege contra o câncer da próstata.” Incisivo, bombástico.

Mas quando falamos de alimentos e dieta, a forma mais comum é a γ-tocoferol, que é a segunda forma mais comum encontrada no sangue de humanos. Fizeram um desenho complexo e sério, com dados de mais de dez mil homens que residiam num condado de Maryland. Desses, 117 dos 145 que desenvolveram um câncer na próstata, tiveram o seu sangue e suas unhas examinadas. O mesmo foi feito com um grupo controle de 233 homens, com distribuição de outras características semelhantes (distribuição igual das idades, das raças etc.). Uma regressão logística permitiu verificar a associação entre os micronutrientes encontrados nos dois grupos e a incidência do câncer da próstata.

Os resultados são interessantes e complexos, mais em linha com a própria realidade do que com explicações mais simples. Quanto mais α-tocoferol, menos câncer. Quanto mais γ-tocoferol, menos cancer, mas a grande diferença era entre os quintís (1/5 das pessoas) com mais e com menos α-tocoferol – cinco vezes! Já o selênio produziu uma diferença nas diferenças: os quatro quintis mais altos não se diferenciavam, mas o mais baixo tinha tendência muito maior, o que me sugere que o problema reside na deficiência do selênio. Pessoas com quantidades “normais” não se beneficiam com doses adicionais desse mineral.

Há efeitos interativos (interativo: o efeito total não é o efeito de um mais o efeito do outro – é maior ou menor do que a soma dos dois efeitos): a proteção oferecida pelo selenio e pelo α-tocoferol só se observavam se o γ-tocoferol fosse alto. Os autores concluem provisoriamente que o uso de suplementos com os dois tocoferóis devem ser usados nos próximos testes.

Quanto ao selênio, falta muito: o mineral tem muitos compostos e não sabemos quais ajudam e se algum prejudica.


 

GLÁUCIO SOARES



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Volta da vitamina E


As pesquisas sobre os efeitos do selênio e da vitamina E sobre o câncer da próstata tem mudado muito. Pesquisas do tipo Fase I e II mostravam que as deficiências do selênio estavam associadas com maior risco de desenvolver o câncer da próstata; evidências menos fortes mostravam o mesmo em relação com a vitamina E. Muitos médicos recomendavam dieta e suplementos e muitos seguiam esse conselho. A pesquisa SELECT mudou radicalmente esse conselho. Baseada em questionário, com um número grande de entrevistados, a relação desapareceu. Pior, houve resultados marginalmente negativos.

Nova pesquisa, realizada por diferentes departamentos da Johns Hopkins, sob a responsabilidade principal de Kathy Helzlsouer, recolocou o problema numa perspectiva mais complexa.

O artigo abre de maneira clara: “Selenium e α-tocoferol a principal forma da vitamina E nos suplementos (pílulas etc., como diferente de alimentos) parecem ter um efeito que protege contra o câncer da próstata.” Incisivo, bombástico.

Mas quando falamos de alimentos e dieta, a forma mais comum é a γ-tocoferol, que é a segunda forma mais comum encontrada no sangue de humanos. Fizeram um desenho complexo e sério, com dados de mais de dez mil homens que residiam num condado de Maryland. Desses, 117 dos 145 que desenvolveram um câncer na próstata, tiveram o seu sangue e suas unhas examinadas. O mesmo foi feito com um grupo controle de 233 homens, com distribuição de outras características semelhantes (distribuição igual das idades, das raças etc.). Uma regressão logística permitiu verificar a associação entre os micronutrientes encontrados nos dois grupos e a incidência do câncer da próstata.

Os resultados são interessantes e complexos, mais em linha com a própria realidade do que com explicações mais simples. Quanto mais α-tocoferol, menos câncer. Quanto mais γ-tocoferol, menos cancer, mas a grande diferença era entre os quintís (1/5 das pessoas) com mais e com menos α-tocoferol – cinco vezes! Já o selênio produziu uma diferença nas diferenças: os quatro quintis mais altos não se diferenciavam, mas o mais baixo tinha tendência muito maior, o que me sugere que o problema reside na deficiência do selênio. Pessoas com quantidades “normais” não se beneficiam com doses adicionais desse mineral.

Há efeitos interativos (interativo: o efeito total não é o efeito de um mais o efeito do outro – é maior ou menor do que a soma dos dois efeitos): a proteção oferecida pelo selenio e pelo α-tocoferol só se observavam se o γ-tocoferol fosse alto. Os autores concluem provisoriamente que o uso de suplementos com os dois tocoferóis devem ser usados nos próximos testes.

Quanto ao selênio, falta muito: o mineral tem muitos compostos e não sabemos quais ajudam e se algum prejudica.


 

GLÁUCIO SOARES

Volta da vitamina E


As pesquisas sobre os efeitos do selênio e da vitamina E sobre o câncer da próstata tem mudado muito. Pesquisas do tipo Fase I e II mostravam que as deficiências do selênio estavam associadas com maior risco de desenvolver o câncer da próstata; evidências menos fortes mostravam o mesmo em relação com a vitamina E. Muitos médicos recomendavam dieta e suplementos e muitos seguiam esse conselho. A pesquisa SELECT mudou radicalmente esse conselho. Baseada em questionário, com um número grande de entrevistados, a relação desapareceu. Pior, houve resultados marginalmente negativos.

Nova pesquisa, realizada por diferentes departamentos da Johns Hopkins, sob a responsabilidade principal de Kathy Helzlsouer, recolocou o problema numa perspectiva mais complexa.

O artigo abre de maneira clara: “Selenium e α-tocoferol a principal forma da vitamina E nos suplementos (pílulas etc., como diferente de alimentos) parecem ter um efeito que protege contra o câncer da próstata.” Incisivo, bombástico.

Mas quando falamos de alimentos e dieta, a forma mais comum é a γ-tocoferol, que é a segunda forma mais comum encontrada no sangue de humanos. Fizeram um desenho complexo e sério, com dados de mais de dez mil homens que residiam num condado de Maryland. Desses, 117 dos 145 que desenvolveram um câncer na próstata, tiveram o seu sangue e suas unhas examinadas. O mesmo foi feito com um grupo controle de 233 homens, com distribuição de outras características semelhantes (distribuição igual das idades, das raças etc.). Uma regressão logística permitiu verificar a associação entre os micronutrientes encontrados nos dois grupos e a incidência do câncer da próstata.

Os resultados são interessantes e complexos, mais em linha com a própria realidade do que com explicações mais simples. Quanto mais α-tocoferol, menos câncer. Quanto mais γ-tocoferol, menos cancer, mas a grande diferença era entre os quintís (1/5 das pessoas) com mais e com menos α-tocoferol – cinco vezes! Já o selênio produziu uma diferença nas diferenças: os quatro quintis mais altos não se diferenciavam, mas o mais baixo tinha tendência muito maior, o que me sugere que o problema reside na deficiência do selênio. Pessoas com quantidades “normais” não se beneficiam com doses adicionais desse mineral.

Há efeitos interativos (interativo: o efeito total não é o efeito de um mais o efeito do outro – é maior ou menor do que a soma dos dois efeitos): a proteção oferecida pelo selenio e pelo α-tocoferol só se observavam se o γ-tocoferol fosse alto. Os autores concluem provisoriamente que o uso de suplementos com os dois tocoferóis devem ser usados nos próximos testes.

Quanto ao selênio, falta muito: o mineral tem muitos compostos e não sabemos quais ajudam e se algum prejudica.


 

GLÁUCIO SOARES

Dieta mediterrânea: mais benefícios

Mais uma pesquisa mostra que a chamada dieta mediterrânea produz um benefício. Desta vez é o resultado é a redução do risco de Alzheimer’s. Evidentemente, a virtude dessa dieta não deriva da geografia nem do nome, mas do que ela inclui e do que deixa de incluir.
Essa pesquisa foi feita na Columbia University e, depois de seguir dois mil idosos (com mais de 65 anos) sem demência, constatou que aqueles cuja dieta incluía muitas frutas, vegetais e Omega 3 (um tipo de ácido gorduroso) tinham um risco 38% menor de desenvolver essa terrível doença, Alzheimer’s, durante os quatro anos que seguiram. Os resultados são semelhantes aos de outro estudo, de 2006. A pesquisa foi dirigida por . Nikolaos Scarmeas.
Mas, o quê nessa dieta provoca o bom resultado?
Os pesquisadores analisaram sete ingredientes para ver qual ou quais produziam os resultados.
Vitamina E, que é um anti-oxidante, e os folatos, que reduziam o risco de que circulasse homocisteína. Além disso, Omega 3 e Omega 6 (em devida proporção (mais 3 do que 6) impediam o acúmulo de placas que aumentam o risco de trombose, derrames e mais. É important ver o que essa dieta não tem: tem poucos ácidos polisaturados, um tipo de gordura que aumenta o risco de muitas doenças.
Relembrando, a dieta mediterrânea inclui nozes, azeite de oliva, peixe e exclui (ou inclui muito pouco) carne vermelha, manteiga e produtos derivados do leite que tenham muita gordura.
Se estiver interessado, leia mais a respeito. Esse pode ser um caso em que o conhecimento o salvará.